Dar à luz é um momento especial, mas que pode gerar angústias não convencionais, principalmente durante uma pandemia. Bruna Marcelino Rosa teve Mathias, durante a quarentena. O bebê tem pouco mais de um mês e nasceu mais cedo do que o previsto. Já Isabella Ferreira Martins, grávida de 36 semanas, está prestes a conhecer a Antonella e também vive um desafio. São duas histórias que tem algo em comum, a maternidade com cuidado em dobro.
Bruna conta que no dia 27 de março, com 38 semanas de gestação, durante uma consulta médica foram solicitados alguns exames. Depois de ser verificado que estava tudo bem, o médico sugeriu a antecipação do parto, “pois o hospital estava tranquilo e não sabia como seria o cenário futuro”, explica.
Ela relata que em relação às visitas, a experiência foi bem diferente quando comparada com a experiência anterior. “(...) no meu primeiro filho recebi tantas pessoas queridas e desta vez o hospital estava restrito somente a meu esposo e enfermeiras”, conta.
O acompanhamento médico pós-parto também foi diferente desta vez. Bruna conta que teve a opção de realizar o teste do pezinho em casa. Além disso, após uma consulta médica que verificou que Mathias estava bem com 12 dias, a pediatra pediu que o acompanhamento do bebê fosse mensal e não semanal para evitar a exposição.
Disse ainda que quando a pandemia teve início já estava com o enxoval todo montado, lembrancinhas e malas para maternidade prontas e chá de bebê realizado. Mas surgiram os medos e as aflições quanto ao parto. Ela conta que conseguiu ficar mais calma, depois de ler uma mensagem do Papa Francisco, que dizia que as crianças que nascem durante uma pandemia são sinais de esperança.
Isabella diz que não conseguiu realizar o chá de bebê. “Não me preocupei muito com isso, pois a saúde vem em primeiro lugar e teremos muito tempo para encontrar os amigos e comemorar depois que tudo isso passar”, explica. Entretanto, lamenta a proibição de visitas. “(...) apesar de necessário, é triste saber que nossas famílias não poderão ter esse contato inicial com o bebê que tem sido tão esperado”.
Em relação ao pré-natal ficou apreensiva no começo da quarentena. “(...) tive medo dele ser cancelado”, relata. Entretanto continuou, mas destaca que não pode mais entrar com acompanhante nas consultas. A vantagem é que não enfrenta uma fila enorme para ser atendida como antes. “(...) agora ao entrar na maternidade logo é conferida a temperatura da gestante, oferecido álcool em gel para as mãos, o hospital tem medidas de distanciamento, como faixas adesivas no chão, inclusive próximo à mesa da médica dentro do consultório”, acrescenta.
Em abril, o Ministério da Saúde incluiu as gestantes e mulheres que acabaram de ter filhos ao grupo de risco para o coronavírus. O Dr. Luis Gustavo Cesario da Silva, ginecologista, obstetra e coordenador da maternidade da Santa Casa de São José dos Campos, esclarece, porém, que essas mulheres não estão mais suscetíveis à infecção, mas sim à uma evolução grave da doença em caso de contaminação.
“Em nosso país, o Ministério da Saúde optou por acrescentar puérperas e gestantes na classificação de maior risco para o desencadear de quadros graves após a contaminação. Isto se deve ao fato de que, durante a gestação, todo o sistema autoimune da mulher se torna menos eficiente, trazendo para ela uma resposta insuficiente do organismo para o tratamento de uma eventual infecção. Esta resposta insuficiente foi verificada após a análise de gestantes infectadas por outros agentes agressores capazes de provocar quadros semelhantes ao de Covid, como por exemplo, H1N1. Sendo assim, a classificação de gestantes e puérperas como grupo de risco para Covid parte da presunção de que a resposta a esse vírus será semelhante à resposta para outras doenças respiratórias parecidas.”, explica o médico.
O Dr. Luis recomenda que essas mulheres devem seguir os mesmos cuidados direcionados à população geral, como: distanciamento social, higiene das mãos, evitar passar a mão no rosto e nos olhos e utilizar máscaras, principalmente, em locais públicos.
“Outro cuidado importante é não se deixar envolver pelo pânico. Procure manter o corpo e a mente sãos”, acrescenta o médico. Para isso, ele recomenda a prática de atividades físicas sob supervisão de um profissional, leitura de temas não relacionados à pandemia, realização de atividades como assistir filmes e séries e o estreitamento da relação com pessoas que goste.
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