Por João Pedro Teles Em RMVale

Especial Metrópole Magazine: entrevista com Bolsonaro (02/2018 - edição 36)

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Entrevista especial com Jair Bolsonaro. Matéria foi publicada na edição 36 em fevereiro deste ano.

Estadão

Confira a reportagem da Metrópole Magazine com o agora candidato a presidência da República, Jair Bolsonaro. A matéria foi publicada na edição 36 em fevereiro deste ano.

 

Primeiro colocado na corrida eleitoral na pesquisa Datafolha divulgada no fim de janeiro em um cenário sem o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) já está em plena campanha pelo país. Consigo, além de um grupo de fãs, o político carrega um discurso de extrema direita, que defende o armamento da população e faz reverência ao período da ditadura militar.

Militar da reserva e no sétimo mandato na Câmara, Bolsonaro foi o mais votado na eleição de deputado federal no Rio de Janeiro, com mais de 464 mil votos, o que representa cerca de 6% dos eleitores fluminenses. No Exército, cursou a Escola Preparatória de Cadetes, a Academia de Agulhas Negras e a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.

Nesta jornada por diversos municípios brasileiros, o presidenciável passou por São José dos Campos no início de janeiro. Em um evento para alguns simpatizantes de seus ideais, Bolsonaro teve tratamento de ídolo durante toda sua passagem, com direito a fila para garantir uma selfie com o político.

O pré-candidato veio ao Vale do Paraíba em pé de guerra com a imprensa. Após uma série de matérias publicadas pela Folha de São Paulo, que questionaram o aumento de patrimônio, emprego de funcionária fantasma e uso do auxílio-moradia, o parlamentar se defendeu das denúncias atacando os veículos de comunicação, expediente parecido com o do presidente americano Donald Trump, político pelo qual Bolsonaro declarou apoio em diversos momentos da palestra.

O político recebeu a reportagem da Metrópole Magazine após atender uma fila de quase meia hora, com diversos pedidos de fotos e autógrafos. Durante a conversa, o político falou sobre eleições, mudança de partido, acusações por comentários homofóbicos, ausência de plano de governo, inclusão do Vale do Paraíba em seus projetos de tecnologia e, inclusive, sobre o possível acordo entre Boeing e Embraer.

O senhor tem andado o Brasil já há alguns meses. Qual foi o motivo que te trouxe para São José dos Campos?

Estava indo para o Vale do Ribeira para visitar meus irmãos e no caminho fui convidado por grupos daqui da região para conversar com o pessoal que nos apoia na cidade. Fico muito feliz de bater um papo com as pessoas que estão interessadas em política e cansadas dos atuais e apresentantes e querem ideias novas. A recepção aqui na cidade foi excelente e me dá cada vez mais fôlego para continuar caminhando pelo país.

O senhor pretende trocar de partido para a disputa da eleição. Qual o motivo desta troca?

Para você conseguir uma eleição, infelizmente precisa de um partido. Sinceramente eu preferia que fosse igual aos Estados Unidos, onde você pode entrar na eleição de forma independente, mas como não é assim, estou conversando com o PSL. Acho que vamos anunciar o ‘casamento’ no início de março. É questão de tempo.

O senhor foi citado por uma série de matérias da Folha de São Paulo. As reportagens questionaram algumas questões como aumento de patrimônio e utilização do auxílio-moradia, mesmo com residência em Brasília. É um panorama bem diferente daquele que seus eleitores esperam de você. Como recebeu essas acusações da imprensa?

Quanto à Folha de São Paulo, é um jornal tendencioso. Dei uma entrevista de uma hora e  pouco, questionei muitas perguntas e não responderam. Quanto a essa questão de funcionário fantasma, eles (reportagem da Folha) estiveram comigo e nem tocaram no assunto. Ainda erraram na foto. Colocaram a dona de um comércio de açaí. A Valdelice ganha R$ 1.300 e é uma pessoa simples. A Folha de São Paulo fica batendo em cima do auxílio moradia, mas me diz onde é que eu estou impedido a usar o auxílio? Se estivesse ocupando apartamento da Câmara Federal, a despesa seria em torno de R$ 10 mil a R$ 12 mil para o contribuinte. No meu apartamento, essa despesa fica de R$ 3 mil e pouco, porque o resto é retido no imposto de renda. Eu tenho duas casas. Eu vivo disso, não sou empresário e tenho outro comércio. Outra questão é o patrimônio. Em todo ele ninguém descobriu nada de ilícito. Estava tudo no meu imposto de renda.

Caso seja eleito, o senhor tem algum projeto para a região da RMVale?

Tem muito projeto para a região. É uma área importante em termos estratégicos, com muita tecnologia. Estamos atrasados na implantação de um ‘Vale do Silício’ no país. Se houver esse polo de indústria e de criação de tecnologia, com certeza o Vale do Paraíba estará no projeto. As pessoas contam muito com mudanças no caso de sua eleição. O senhor tem medo desse messianismo? Eu sou Messias, pô (risos). Mas acho que as pessoas sabem que as mudanças não acontecem de uma hora para outra, da noite para o dia. Há três anos decidi que queria me preparar para ajudar o país me candidatando à presidência da República. Tenho trabalhado, desde então, em opções de governar o Brasil sem o toma lá da cá típico da política brasileira.

O senhor tem muitas falas consideradas homofóbicas e algumas opiniões, no mínimo, contundentes. Mas, para ser presidente, é preciso saber dialogar com pessoas com opiniões diferentes. Como o senhor pretende fazer isso?

Converso com todo mundo, mas eu tenho posição firme em tudo. Pergunta certas coisas para alguns políticos? Eles vão se esquivar e encontrar uma resposta que acabe agradando todo mundo. É com esse meu jeito que eu ganho simpatizantes e ganho inimigos também. Mas vamos tocar esse barco. Eu não quero fugir depois por mudar de opinião, vou abrindo o jogo sobre o que a gente pode fazer.

O senhor disse, em rede nacional, que não sabe o que fazer com a economia nacional. Já  laborou essa questão no seu plano de governo?

Cobram de mim plano de governo. Vou ter que apresentar depois. Mas me diga, plano de governo é aquela maçaroca de papel que fica ali na sua frente, que ninguém tem paciência de ler. De acordo com aquilo (plano de governo) a política é uma coisa maravilhosa, você olha e fala: ‘meu Deus do céu, vai chover no sertão’. São planos feitos como se fosse um trabalho de marqueteiro para a televisão. O meu, que está sendo elaborado por pessoas que estão, de forma graciosa, colaborando, é em cima da realidade. Os caras falam, ‘vai perder eleição por plano de governo’. Pois que perca a eleição. Os políticos pegam o plano de governo depois e jogam na lata de lixo. Eu tenho humildade de, quando me perguntaram sobre economia, dizer que não sabia. Eu achei que seria tratado com respeito, mas esculacharam. Eu tenho que entender de Medicina e de Comunicação para indicar os ministros?

Como o senhor pretende se comportar nos debates na televisão? Vai manter o mesmo modo polêmico que tem permeado sua carreira toda ou vai adotar postura mais leve?

Não vou deixar debate virar briga de galo. Se me perguntarem sobre homofobia, vou falar 15 segundos e depois conversar alguma coisa sobre o Brasil. Não vou entrar nessa pilha, apesar do meu pavio ser curto. Sei que vão ser todos contra mim, porque tem que ser um dos dois mais votados. No meu entender, o Lula, se for elegível, vai pro segundo turno. Então, a briga seria para ver quem iria para o segundo turno com ele. Por isso o centro já está atrás de mim. Mas não vão me derrubar porque quem está comigo não vai mudar. Vamos supor: mesmo que eu tivesse uma funcionária fantasma, esse seria meu pecado político? Nem se compara com o dos outros.

O senhor disse que acredita bastante nos colégios militares. Essa é a saída para a educação no país?

Tem lugares que você vê criança com telefone, lugar onde a droga corre solta. Tem que mudar o currículo, expulsar o aluno que não quer aprender, chamar o pai. Sei que vai ter uma repercussão enorme, vão chamar de ditador, mas no MEC (Ministério de Educação) tem que ser alguém com autoridade. Tem que expulsar o Paulo Freire de lá e aquela teoria dele. O PT fala de Educação, mas ficou 13 anos lá e não fez nada. O Japão sumiu na 2ª Guerra Mundial e agora é o que é.

Boeing e Embraer estão conversando sobre uma possível fusão ou até a criação de uma terceira empresa. Qual sua opinião sobre o caso?

Se puder fazer uma parceria com um bom modelo, será bem vindo, mas sem que a gente perca a autonomia do governo brasileiro. Tenho conversado com Paulo Guedes, que é meu consultor para assuntos que envolvam economia, e ele me disse que o que for estratégico para o Brasil pode entrar nesse modelo de privatização, o chamado golden share. A Petrobras seria um bom exemplo.

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