O ex-prefeito de São José dos Campos, Carlinhos Almeida e a vereadora Amélia Naomi (PT), visitaram a redação do Portal Meon nesta semana. Durante a conversa, Carlinhos e Amélia falaram sobre as eleições e também o acordo da Embraer com a Boeing.
Carlinhos era cotado para ser candidato a deputado federal pelo PT nas eleições que acontecem em outubro.
No último dia 12 de julho, porém, ele divulgou em sua página no Facebook a candidatura de Amélia para o cargo. Durante sua vida na política, Carlinhos Almeida foi deputado estadual por três mandatos, de 1999 a 2010, e atuou dois anos como deputado federal, entre 2011 e 2012. Já Amélia Naomi tentou, em 2014, um cargo na Câmara dos Deputados em Brasília. Com 77.831 votos recebidos, ela ficou como suplente.
Confira os principais trechos da entrevista concedida por Amélia Naomi e Carlinhos Almeida nesta terça-feira (17) para o Meon.
O senhor tinha divulgado em suas redes sociais que iria concorrer ao cargo de deputado federal nestas eleições, mas pouco tempo depois divulgou que estaria apoiando a Amélia Naomi. O que aconteceu? Teve alguma relação com condenação na Justiça Eleitoral?
Carlinhos: Eu não fui condenado no TSE [Tribunal Superior Eleitoral], eu fui absolvido de uma condenação que eu tive no TRE [Tribunal Regional Eleitoral] e existe uma outra condenação no TRE que ainda está em discussão no TSE. Mas isso não impede minha candidatura. E eu, há algum tempo, venho conversando com a Amélia e com alguns companheiros e acho que é muito importante ampliar a participação das mulheres no legislativo, principalmente na câmara dos deputados e no senado que é onde são feitas as principais leis do país e o Brasil tem um desempenho vergonhoso em relação ao número de mulheres nesses cargos. Aproximadamente 10% da Câmara dos Deputados é composto por mulheres. É um dos piores índices da América Latina e é um dos piores índices do mundo e a gente precisa reverter isso. Eu poderia ser candidato, mas a Amélia é uma liderança que tem uma projeção muito grande e eu acho que ela pode contribuir, não só naquilo que eu também faria que é defender a região, defender os direitos sociais, defender o trabalhador, defender a volta do desenvolvimento do país e também representar essa mudança que o país precisa fazer. Porque, se toda eleição, nós acharmos que o candidato tem que ser o homem porque ele já foi candidato, já teve voto, já foi eleito, tem mais voto... você nunca vai mudar o perfil do legislativo no Brasil.
Vocês acham que a rejeição ao PT pode prejudicar a campanha de alguma maneira?
Amélia: Isso é um desafio. Eu acho que todo mundo já experimentou... eles tiraram a Dilma, deram o golpe e o país piorou muito, infelizmente. Porque o projeto, que está sendo desenvolvido no Brasil é um projeto de privatizações, é um projeto que tira direitos e eu acho que a população tem percebido a diferença. O programa Minha Casa, Minha Vida infelizmente está parado, o governo não tem investido nisso. E eu acho que o nosso programa, que foi desenvolvido nesse período todo, era um programa para todos porque o desenvolvimento gerou muito emprego e, mais do que emprego, cidadania. Amélia, você acredita que o Carlinhos consegue passar esse bastão para você? Eu acho que sim. O Carlinhos tem um trabalho estruturado em São José , eu acho que a população que experimentou o governo dele vai querer dar continuidade. E eu acho que eu sou uma pessoa que tem esse compromisso principalmente com a população que luta no seu dia a dia com os trabalhadores, com as trabalhadoras . Eu acho que farei bem esse papel. Pelo menos espero.
E o senhor acha que vai ser um bom cabo eleitoral?
Carlinhos: Com certeza. E é importante dizer o seguinte: não sou eu que vou eleger a Amélia, são os eleitores. E aqui se trata de uma soma de lideranças políticas que inclusive tem uma história própria. A Amélia se elegeu vereadora antes que eu. Na eleição que ela foi eleita, eu fiquei como suplente. Então ela tem uma trajetória própria e aqui nós vamos somar esse trabalho como vamos somar com outras pessoas e outras lideranças da nossa cidade, da nossa região, como no caso do Wagner Balieiro.
E como vocês viram o acordo da Embraer com a Boeing?
Carlinhos: A Embraer é um orgulho, não só para nós aqui de São José, da região do Vale, mas como para o Brasil. É uma grande empresa, uma empresa de sucesso. E o que deixou todos nós muito intranquilos foi que esse processo agora, que é praticamente a venda da Embraer para a Boeing, ele foi feito sem transparência, sem diálogo e sem garantir, tanto o emprego dos trabalhadores quanto o desenvolvimento econômico do país. Por exemplo, a cadeia de fornecedores da Embraer, a cadeia produtiva, as empresas que fornecem para a Embraer, e muitas estão sediadas aqui em São José, não têm garantia nenhuma de que vão continuar fornecendo, mantendo suas empresas, mantendo os empregos, mantendo o desenvolvimento tecnológico. Então eu acho que o caminho escolhido para essa parceria... porque, em tese, a parceria eu não sou contra. Já existe parceria entre Embraer e Boeing, por exemplo, para desenvolvimento do biocombustível. Mas essa venda, do jeito que está sendo feita, eu acho que é muito ruim para o país.
Amélia: Eu acho que o preço que foi pago pela Embraer foi muito aquém do próprio mercado e da tecnologia. A Embraer, antes de ser fundada, nós tivemos investimentos no CTA, no Inpe... então teve uma série de investimentos, de dinheiro brasileiro para que fosse feito o primeiro avião. Então, eu acho que foi muito ruim a venda da Embraer no valor que foi feito, mas principalmente a não garantia do emprego dos trabalhadores. Eu acho que a cidade vai perder muito. A Embraer é a primeira exportadora do Brasil e, infelizmente, ela foi vendida por muito pouco. O valor da venda da Embraer, infelizmente, foi quase de graça.
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