Nesta quarta-feira (9) é feriado em todo o Estado de São Paulo. Em São José dos Campos, as pessoas sabem que se trata de uma data para lembrar a Revolução Constitucionalista de 1932, mas muitas nem imaginam que um dos protagonistas deste levante armado nasceu e cresceu no centro da cidade.
Euclides Bueno Miragaia nasceu em São José e morreu aos 21 anos em uma manifestação de estudantes contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas, no dia 23 de maio de 1932, em São Paulo. Naquele dia, as tropas federais também mataram outros três estudantes: Martins, Dráuzio e Camargo.
As mortes foram o estopim de toda a Revolução Constitucionalista, que foi a campo pouco tempo depois, em 9 de julho de 1932. Esses jovens foram a motivação para os paulistas que, sob a sigla MMDC, junção das iniciais dos estudantes mortos, organizaram um movimento que culminou com a revolução.
O soldado
Monumentos no centro da cidade, um obelisco e uma estátua de um soldado, remetem os moradores de São José à revolução e já fazem parte da paisagem da cidade, mas a versão oficial traz outra história.
"Sento aqui todo dia, olho para esse soldado, mas nunca fui procurar sobre essa história. Sei que tem a ver com a Revolução Constitucionalista, mas nem sei o que isso tem a ver com São José dos Campos", conta o motorista de ônibus Valdair Marcelo, 40 anos, em um banco na Orla do Banhado, próximo à rodoviária no centro da cidade.
Na verdade, segundo a Prefeitura de São José, a estátua do soldado com a bandeira na mão simboliza os joseenses que foram lutar na Segunda Guerra Mundial. Abaixo do soldado, há a imagem de uma cobra fumando um cachimbo que, segundo a história, representa uma ironia dos fatos. Os soldados joseenses diziam que nem se a cobra fumasse iriam para a guerra, mas acabaram indo.
Obelisco
Ademir Rodolfo de Oliveira, 47 anos, cuida da manutenção do jardim que cerca o obelisco marcado com as letras MMDC, que também fica na orla do banhado. O cuidado e a curiosidade no caso deste jardineiro proporcionaram um mergulho na história.
"Comecei a trabalhar aqui há seis anos. Quando vi este monumento, fui pesquisar. Adoro ler, tenho livros de histórias e da importância desses jovens para nosso estado. Só acho que deveriam ser mais lembrados, com mais eventos, e também com mais cuidados, esse obelisco aqui está precisando de uma reforma", afirma Oliveira.
Lembranças
No cemitério Padre Rodolfo Komorek no centro de São José, um túmulo pequeno coberto por um mosaico no formato da bandeira de São Paulo, escondido entre outros jazigos, é outra singela homenagem a Miragaia, herói joseense na luta paulista.
"Muitas pessoas, entre estudantes, jornalistas e os familiares de Miragaia visitam este túmulo. Eu já parei várias vezes ali, li o que diz a lápide, sei que foi uma pessoa importante, mas não sei muito bem o motivo. Mas eu conheço uma sobrinha neta dele, muito simpática que sempre vem aqui", comenta o coveiro João Batista, 38 anos.
Quando morreu, o estudante foi enterrado em São José, mas depois, em 1955, seus restos mortais foram transferidos para o mausoléu do Soldado Constitucionalista, no Parque do Ibirapuera, na capital.
Segundo historiadores, a família de Miragaia teria sido dona de cartórios em São José e muitos ainda vivem na cidade. Após a revolução, os pais e irmãos do estudante mudaram para Birigui onde, alguns descendentes vivem atualmente.
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