Por Marcus Alvarenga Em RMVale

Movimento LGBT de São José reage à decisão que trata homossexualidade como doença

Mais de 200 pessoas estiveram em manifestação contra o preconceito

Após a divulgação da liminar de um juiz do Distrito Federal, em que autoriza terapias para “reorientação sexual”, parte da população e ativistas do movimento LGBT reagiram pelas redes sociais. Em São José, foi marcada uma manifestação na praça Afonso Pena, região central, que reuniu cerca de 200 pessoas no início da noite desta terça-feira (19).

O encontrou começou com homens, mulheres, travestis e outros gêneros expondo as suas opiniões, promovendo um momento de reflexão, debate e conhecimento.

“Independente de qualquer coisa, estamos aqui para trazer o diálogo, tanto dentro do nosso meio, como fora, levando isso para os nossos pais, colegas de trabalho e para quem não conhece ou ainda não sabe”, diz a bailarina Brun Willi de 22 anos.

O tema principal foi à indignação pela decisão judicial, colocando a maioria dos que estavam presentes na manifestação e parte da sociedade como “doentes”. Mas o estudante de Arquitetura e Urbanismo, Elder Franklin, de 21 anos, questionou a liminar perguntando “o que levaria um homossexual a se tratar?”.

E a resposta veio da coordenadora do Núcleo de Sexualidade e Gênero do CRPSP (Conselho Regional de Psicologia de São Paulo) e da subsede da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, Bruna Falleiros, que explica que a decisão é preconceituosa.

“Reorientar sexualmente, oferecer esse tratamento por si só significa que você esta patologizando uma orientação sexual, porque você não vai reorientar um heterossexual, a proposta de reorientação sexual só cabe a alguém que esteja fora dos padrões heteronormativos. A proposta ética do psicólogo é que você ajude as pessoas a avaliarem a razão desse sofrimento, que está muito relacionado ao preconceito e a descriminação da sociedade, que acha que o normal é ser heterossexual”, afirma à psicóloga.

Justiça

Além das reações da sociedade e de movimentos LGBT, o próprio Conselho Federal de Psicologia, diretamente afetado com a decisão, está buscando derrubar a liminar de forma jurídica.

“Todo os tramites judiciais no âmbito da defesa estão sendo encaminhados, mas simultaneamente, essa mobilização da sociedade que está acontecendo é essencial. Por isso, vamos continuar encaminhando para que derrube essa interpretação dele. O juiz não tem competência de avaliar tecnicamente um saber que não é o Direito, é um saber da Psicologia”, diz Bruna.

São José

Durante o ato na noite desta terça (19), os participantes levantaram a questão sobre a atuação da administração pública com políticas em apoio à comunidade LGBT, acusando a atual gestão de homofobica.

“Em São José não existe nenhuma política pública para o público LGBT, pelo contrário, é muito descaso e preconceito. Essa é uma prefeitura que apoiou as manifestações dos verdes-amarelos, que eram extremamente homofobicas e machistas. É normal esperar esse tipo de postura da gestão atual, é uma prefeitura totalmente homofobica, a gente não tem a menor duvida disso", diz Murilo Magalhães, membro do Coexistir (coletivo LGBT).

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Por Marcus Alvarenga, em RMVale

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