Até 2019 São José dos Campos contava com aproximadamente 6.000 motoristas nos aplicativos
O novo coronavírus trouxe inúmeros problemas dentro e fora da área da saúde. A economia está sendo prejudicada em todas as esferas e ainda deve levar um bom tempo até se recuperar da crise. Quem sofre diretamente com isso são os trabalhadores informais, que relatam os reflexos da quarentena.
No caso dos motoristas de aplicativo eles dependem da demanda de passageiro para trabalhar. Uma das maiores recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) é, se puder, ficar em casa e sair somente em caso de extrema necessidade. Dois problemas para os motoristas, pois eles precisam sair às ruas para trabalhar e também dependem que outras pessoas saiam para que eles tenham serviço.
“Isto (quarentena) criou uma baixa muito grande nos ganhos dos motoristas, as nossas corridas e nossos ganhos caíram uns 70%”. Relata o motorista Alexandre Sobrinho, 46 anos, que atua há dois anos como motorista de aplicativo em São José.
Alexandre se mostrou contra a quarentena que foi imposta, para ele faltou planejamento do governo. “Eu sou contra devido à falta de um apoio melhor dos coordenadores do governo, pois foi uma ação muito drástica em colocar todos em quarentena sob um decreto”, afirma.
O motorista manteve a rotina e ainda segue saindo às ruas de São José em busca de passageiros, mas, de acordo com ele, não tem conseguido manter as atividades como eram antes da crise da Covid-19.
Já Tuca Hugenneyer, 47 anos, que atua como motorista de aplicativo há pouco mais de três anos, concorda com a quarentena. “Nesse momento devemos nos resguardar para não proliferar ainda mais essa doença e entendo que somos um grupo de risco. Tenho um filho pequeno de 5 anos e fico com medo de passar pra ele”, afirma o motorista que decidiu se desligar temporariamente das plataformas desde o dia 18 de março.
Apesar de divergirem sobre a quarentena, os dois motoristas concordam sobre a falta de apoio das plataformas que trabalham. Para eles, falta amparo financeiro e, aos que decidem trabalhar, falta segurança quanto à saúde.
Hugenneyer ainda conta que a situação financeira da família ficou difícil, mas que tem a ajuda da mulher, que é servidora pública e segue em exercício.
De acordo com um levantamento feito pela Prefeitura de São José dos Campos, em 2019 existiam aproximadamente 6.000 motoristas de aplicativo na cidade. Ainda segundo o mesmo levantamento, juntas, as plataformas Uber e 99Pop faturaram R$ 148,8 milhões por ano, o que representa R$12,4 milhões por mês.
Uber: ações práticas contra crise causada pelo Covid-19
Por nota, a Uber informou que iniciou um programa nacional com diversas ações de auxílio aos motoristas e entregadores de comida no dia 24 de março.
Uma das medidas é o ‘Vale Saúde Sempre’ que oferece descontos em consultas médicas em rede de atendimento privada e em mais de 3.000 tipos de exames laboratoriais e de imagens. O programa não tem carência para utilização e também dá 20% de desconto em medicamentos nas farmácias credenciadas. Não será cobrada anuidade dos parceiros para acesso a esse programa – sem o acordo com a Uber, o custo do programa para o parceiro seria de R$ 358,80 por ano.
A Uber também implementou uma política para que qualquer motorista ou entregador parceiro que for diagnosticado com o Covid-19, ou tiver que cumprir isolamento social por suspeita da doença, receba assistência financeira por até 14 dias, enquanto estiver impossibilitado de usar a plataforma.
O valor da assistência financeira vai ser baseado na média diária de ganhos do parceiro nos seis meses anteriores a 6 de março: caso ele esteja usando o app há menos tempo, a média vai ser baseada nos ganhos desde a primeira viagem ou entrega até o dia 6 de março de 2020.
A Uber afirmou também que oferecerá recursos para ajudar os parceiros a manter seus veículos limpos em todo o Brasil. Os motoristas e entregadores parceiros que estiverem nas cidades mais afetadas terão prioridade.
Além dessas ações, a Uber também realiza um trabalho de orientação e conscientização dos clientes pelo próprio aplicativo. Os usuários passaram a receber mensagens educativas, pedindo que fiquem em casa ou viagem apenas se necessário.
A empresa disse ainda que conta com consultoria de um epidemiologista para garantir que as medidas tomadas sejam embasadas em orientações e evidências médicas.
99 Pop: ações práticas contra crise causada pelo Covid-19
Por nota, a 99 Pop esclarece que monitora diariamente os cenários envolvendo a pandemia do novo coronavírus e seus impactos no transporte de passageiros por aplicativos. A prioridade é garantir a saúde dos usuários e dos motoristas parceiros. Por isso, está orientando sobre as medidas de prevenção da doença, além de disponibilizar um fundo para ajudar motoristas que sejam diagnosticados com a Covid-19, de acordo com sua média de ganhos na plataforma. Este fundo foi disponibilizado pela Didi, dona da 99, para atender a todos os mercados de atuação da empresa no mundo, no valor de US$ 10 mi.
Para os motoristas que continuam trabalhando e auxiliando nesse momento de crise, a 99 está fazendo a doação de corridas para diversas cidades pelo Brasil, em parceria com as secretarias municipais ou estaduais de saúde, para que possam ser usadas por profissionais do setor, nas quais 100% do valor é repassado ao motorista.
Para auxiliar e orientar os usuários da plataforma, a 99 criou uma página dentro do seu site com orientações para motoristas parceiros e passageiros sobre o que fazer, quais os sintomas, onde buscar ajuda e outras informações com foco na prevenção. Há, ainda, vídeos educativos e um episódio do podcast "Papo de Motora" com orientações e dados sobre o fundo de ajuda aos motoristas diagnosticados com a Covid-19.
Para ampliar a proteção, a empresa também está higienizando carros dos motoristas parceiros do aplicativo na Grande São Paulo, com uma tecnologia inovadora de desinfecção do vírus, já aplicada na Europa. O projeto, inédito no Brasil.
A iniciativa é mais uma camada de proteção para passageiros e motoristas parceiros da plataforma no combate ao coronavírus no Brasil, contribuindo para que estes últimos não deixem de ter sua fonte de renda no período.
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