Por Meon Em RMVale

‘Racismo está enraizado nas práticas, nos costumes e nas relações’, afirma especialista

Dia da Consciência Negra é celebrado nesta quarta-feira e inclusão e direitos ainda estão em pauta

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Reflexo da escravidão ainda é sentido pela comunidade negra no país

Reprodução/Marcello Casal jr/Agência Brasil

Neste 20 de novembro é celebrado o Dia da Consciência Negra no Brasil. Embora os pretos e pardos sejam maioria no país, a superioridade nos números ainda não reflete os direitos e a inclusão da população negra.  Para se ter uma ideia, pessoas pretas e pardas correspondem a 55,8% do total de 210 milhões de habitantes do brasil, de acordo com o IBGE. E é justamente essa grande parcela da população que está desempregada, 64,2% ante 34,6% dos brancos que estavam em ocupações informais em 2018.

As causas para essa desigualdade podem ser justificadas pelo racismo estrutural, dívida deixada pela escravidão no Brasil, abolida em 13 de maio de 1888. Esses dois aspectos são destacados pelo professor da Universidade de Taubaté e doutor em educação, com ênfase em história, política e sociedade, Mauro Castilho Gonçalves. “Nós sabemos que existe uma desigualdade estrutural e as conquistas previstas em lei não estão sendo praticadas. A escravidão acabou por estruturar orgânica e institucionalmente o racismo com a população negra no país. Há um distanciamento do que está na lei e o que é praticado por instituições”, afirmou.

De acordo com o historiador, com a dívida histórica e a lacuna entre o direito conquistado e o direito praticado quem sofre mais é a população excluída, sobretudo os negros. “O racismo existe, obviamente, está enraizado nas práticas, nos costumes, nas relações e na medida em que a população negra não tem acesso a mesma oportunidade de direito”, disse.

Ainda segundo o especialista, as políticas públicas deveriam proporcionar mais inclusão e incentivo ao emprego e ao acesso à educação de qualidade. O historiador destacou, por exemplo, a cota racial que tem gerado resultados quando, pela primeira vez, a população que se declara de cor preta ou parda passou a representar 50,3% dos estudantes de ensino superior da rede pública, de acordo com a pesquisa Desigualdades Sociais por Cor ou Raça Brasil. 

Em São José dos Campos a relação étnico-raciais entrou na agenda política do município, com atendimento de saúde à população negra, incorporação de matérias da cultura negra na grade curricular da educação básica e fundamental e formação de servidores sobre o tema. “A Prefeitura tem incorporado à formação dos servidores assuntos como este com objetivo de enfrentar o racismo institucional”, disse Edna Gomes, assessora de Políticas Públicas e Promoção à Igualdade Racial do município.

Em outubro, um grupo de trabalho finalizou um estudo para identificar áreas que precisam ser trabalhadas na cidade. O Plano Municipal de Promoção da Igualdade Racial servirá como diretriz para a Prefeitura de São José desenvolver ações focadas na questão a partir de 2020.

A Periferia é o Centro

Ainda em São José, acontece neste sábado (23) o evento "A Periferia é o Centro", com debates sobre a cultura negra e acesso à educação, intervenções artísticas e culturais, no Jardim Santa Inês, na zona leste da cidade. O evento é aberto ao público e terá início às 15h, e ocorrerá na rua AbelardoAlves de Paiva.  

A Periferia é o Centro vem justamente para fazer esse debate com a juventude, de acesso à educação e para falar que este é o lugar que ela [a juventude] precisa ocupar. A arte é um espaço onde a juventudade negra e periférica precisa ocupar, porque são delas. A Periferia é o Centro vem para unir as mais diversas celebrações e atitudes culturais e para saber como devemos intervir contra a crimanilização da juventudade", explicou João Vitor Souza, militante no coletivo Juventude Juntos. 

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