Por Do Meon Em RMVale

Pesquisadores da Univap e ITA criam material super resistente ao tempo

DLC pode ser usado em peças aeronáuticas, automotivas e hospitalares

20150330_univap e ita_sjc_(Foto: Jorge Gripp/Montagem/FotorCreated)

Participam do projeto representantes das duas instituições de São José

Foto: Jorge Gripp/Montagem/FotorCreated

Pesquisadores da Univap (Universidade do Vale do Paraíba) e do ITA (Instituto de Tecnologia Aeronáutica), instituições de São José dos Campos, desenvolveram um equipamento capaz de produzir filmes à base de carbono, altamente resistentes ao desgaste, para o revestimento de peças aeronáuticas, automotivas e hospitalares.

Segundo a assessoria de comunicação da Univap, mais de U$S 500 mil foram investidos por instituições de apoio à pesquisa nos grupos que estudam o DLC (Diamond-like Carbon), como é chamado o material, que já foi testado em peças de aço, polietileno e parafusos.

Mesmo depois de expostas ao intenso uso, elas mantiveram-se intactas. Nos testes, o filme também apresentou eficácia ao inibir a proliferação de fungos, quando exposto a agentes fúngicos.

A ideia surgiu há alguns anos, quando estudiosos identificaram a necessidade de alterar o revestimento de juntas que movem placas de painéis solares responsáveis por produzir energia na estrutura de satélites. A abertura dessas placas realiza movimentos no vácuo e acabavam travando devido contato metal-metal. Após receberem o revestimento de lubrificante como o DLC esse problema foi sanado.

Reator
Para produzir o DLC é preciso inserir o material que será revestido em um reator de processos, que recebe comandos de um computador. “O reator, que hoje está instalado nos laboratórios do IP&D (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento) da Univap, é ligado a tubos e válvulas que levam os gases precursores de carbono para dentro dele e, por meio de uma descarga elétrica, estes gases são ionizados dando ao chamado estado de plasma”, explica o pós doutorando em Física de Plasma Fabiano Pinto Pereira.

Por meio desta tecnologia é possível revestir peças do trem de pouso de uma aeronave, como rolamentos. Para isso eles são expostos a um determinado tempo pelo plasma. Isso ocorre em intervalos de segundos a até horas, dependendo da espessura do revestimento.

Quando o metal, por exemplo, é colocado no reator para ser revestido, o tempo de exposição do gás ao plasma é o que determina a espessura e eficácia do recobrimento sendo construído.

“No momento em que o plasma fragmenta o gás gerando radicais de carbono, por exemplo, estes, por difusão, colidem com a superfície do material a ser tratado iniciando a formação do recobrimento caracterizado DLC, permitindo assim modificar as propriedades superficiais deste material”, conta Pereira. O ambiente também precisa estar propício para isso, em uma temperatura de mais ou menos 22°C.

Hoje, o material também é produzido para resistir a riscos em óculos e vidros, mas a nova fórmula encontrada pelos pesquisadores, que utiliza precursores líquidos, pode chegar ao revestimento de peças automotivas e rolamentos diversos também. “Uma vez que as empresas absorverem essa ideia, peças já poderão sair de fábrica com muito mais durabilidade, e isso reduz despesas de manutenção”, finaliza.

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