Por Rodrigo Ribeiro Em RMVale

Por amor, analfabeto aprende a escrever e surpreende neta

Avô analfabeto escreve carta para a neta em São José dos Campos (Foto: Arquivo Pessoal)

Analfabeto aprende a escrever o nome da neta para presenteá-la

Ana Paula Rei/Arquivo pessoal

O português Abel Francisco, morador de São José dos Campos, começou a trabalhar com oito anos e, por isso, não teve a oportunidade de estudar. Muito observador, o imigrante sabia lidar com números só de prestar atenção no que acontecia nos balcões dos comércios onde trabalhou, mas continuava sem ler. 

Zuleika Faria ensinou o marido a identificar as letras de forma, porém Francisco não sabia juntá-las. Anos mais tarde, o amor pela neta fez o analfabeto aprender a escrever poucas palavras só para homenageá-la.

"Não entendi quando ele disse que tinha uma carta para mim. Sei que ele não pode estudar pois, além de trabalhar desde muito cedo, a escola mais próxima ficava a 60 quilômetros de sua casa", conta Ana Paula Rei, que descreve o avô de 90 anos como uma pessoa curiosa.

Foi então que a administradora de empresas recebeu o presente. O idoso escreveu, repetidas vezes, em um pedaço de papel apenas os nomes: Ana Paula e Abel Francisco. Claro, o gesto de admiração do avô coruja emocionou Ana Paula. "Sem eu saber, ele pediu para minha avó ensinar a escrever meu nome. Sou apaixonada por ele", derrete-se.

Avô analfabeto escreve carta para a neta em São José dos Campos (Foto: Arquivo Pessoal)

Prova de amor: carta escrita pelo avô

Ana Paula Rei/Arquivo pessoal

Dedicação 
A relação de carinho entre avô e neta não é nada recente.

"Quando eu era mais nova, meu avô não deixava de me levar na escola, dar um docinho -escondido dos meus pais- ou aparecer de surpresa na minha casa com pães fresquinhos para tomarmos café juntos", lembra a joseense, que dividia a atenção e o carinho do avô com as irmãs Gabriela e Carolina. "Hoje em dia é o momento da neta mimar o avô, né?".

Há muitos anos, o encontro deixou de ser na casa da neta para ser na casa do aposentado. Aos domingos Ana Paula almoça ou janta com o avô e, durante a semana, faz visitas rápidas e constantemente fala com Francisco por telefone. 

"Ele teve uma vida muito difícil, mas venceu e foi sempre brincalhão, de bem com o mundo. Isso me enche de orgulho e admiração", declara a neta, tão coruja quanto o avô.

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