Desde fevereiro deste ano, CDP (Centro de Detenção Provisória) Doutor José Eduardo Mariz de Oliveira, de Caraguatatuba, o projeto Teatro Libertador contribui para a ressocialização dos 15 presos que participam atualmente.
Idealizado por contadores de histórias de Caraguá, que já atuaram em atividades culturais dentro presídio, que agora tem sua própria oficina teatral, o projeto incentiva a arte no ambiente carcerário, com trabalho em equipe, trocas de experiências e relações de confiança entre os envolvidos.
A expectativa é que o fruto dessa iniciativa seja a produção da peça inspirada no texto “Será o Benedito? ou O Roubo do Santo, ou Acuda, São Benedito!”, de Olair Ocan (2002), publicado na revista Teatro da Juventude.
O grupo reúne 15 presos que cumprem pena em regime fechado no CDP. Semanalmente, eles participam de encontros e recebem orientações sobre técnicas de atuação, postura, posicionamento em cena; estudam e decoram as falas dos personagens, além de participarem da produção do cenário, figurino, adaptação de roteiro e montagem do palco.
“Participar dessa atividade é transformador. É como se eu estivesse em outra realidade, sem tristeza. O sentimento que vivemos aqui, em contato com os professores, nos renova e os nossos dias se tornam mais leves”, afirmou Carlos, de 31 anos. Ele conta também que sempre gostou de cultura, poesia e contos. Em 2008, chegou a participar de um grupo de rap em São Sebastião, sua cidade.
O Teatro Libertador foi contemplado pelo Proac (Programa de Ação Cultural) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.
A professora de teatro e coordenadora da oficina, Rosa Maria Rita Brugnerotti, já atuava como contadora de histórias nas Jornadas da Cidadania e Empregabilidade realizadas no CDP. O contato com o sistema penitenciário fez surgir a ideia do Teatro Libertador. “Eu participei de algumas ações culturais durante as jornadas e sempre senti falta de ver algo do tipo funcionando dentro da unidade. Sempre tive essa vontade de formar um grupo de teatro no CDP. Foi assim que decidi estruturar essa ideia e inscrevê-la junto ao Proac”, disse Rita.
Para o Diretor Geral do CDP de Caraguatatuba, Alan Carlos Scarabel de Souza, o trabalho traz reflexões valiosas. “Ocorre o incentivo à leitura, e, mais do que isso, fomenta a vivência em coletividade, onde um aprende a escutar a opinião do outro e a respeitar o espaço, as dificuldades do próximo. Esses valores são ímpares para a vida em sociedade, e são constantemente buscados durante o processo de ressocialização”, comentou.
A previsão é que a estreia do espetáculo seja em setembro e poderá ser apresentada aos servidores do CDP ou familiares dos presos participantes. A direção da unidade pretende realizar um dia cultural diferente, com várias atividades para celebrar o trabalho e talento dos envolvidos no projeto
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