Prefeito teve mandato cassado pelo TRE no início deste mês
Renan Simão
“Quem votou em mim tinha conhecimento dessas denúncias”, afirma em entrevista coletiva nesta segunda-feira (17) o prefeito de Taubaté, Ortiz Junior (PSDB), que teve mandato cassado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo no começo deste mês por abuso de poder econômico e político.
O prefeito, que entrou com recurso no TRE-SP e agora aguarda a análise de três embargos que formam o acórdão da decisão final da instância regional, defende-se de um possível desgaste de sua imagem lembrando que desde antes do período eleitoral de 2012 havia denúncias sobre a suposta fraude em seu financiamento de campanha e, diz Ortiz, “mesmo assim tive 63% de aprovação, 100 mil votos”. O processo se arrasta há um ano e dois meses e o próprio prefeito já fala em levar o embate judicial para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o STF (Superior Tribunal Eleitoral).
“Está quase lá [no TSE]. Preferia que o processo fosse mais curto, é melhor para mim, é melhor para a cidade. Mas a regra do jogo é essa, do judiciário. Espero que essa decisão aconteça de modo rápido, mas é o tempo do tribunal superior”, diz Ortiz Junior, acreditando que o julgamento do TSE deva acontecer no período “de seis a oito meses” e, se for para o STF, “até o fim do mandato”.
Os advogados de Ortiz pediram a análise de três embargos. A defesa aponta uma irregularidade no relatório do desembargador Roberto Maia que se baseia em uma testemunha que alega ser de defesa, mas segundo Ortiz, é de acusação. Isso seria uma contradição. Outra seria a instauração de um inquérito civil preparatório para a ação, que, de acordo com Ortiz, o TSE não aprova para esse julgamento. E o terceiro pedido de análise é sobre o depoimento de uma pessoa da acusação que foi caracterizada como testemunha pelo juiz, mas, para o tucano, deveria ter sido qualificada como informante.
O prefeito citou várias vezes a intenção de receber um julgamento com “coerência” e defende-se das decisões contrárias a ele da Justiça Eleitoral e do TRE-SP lembrando que foi absolvido em quatro instâncias jurídicas anteriores (Justiça Criminal, Tribunal de Justiça de São Paulo, Corregedoria Geral do Estado e em duas decisões do Tribunal de Contas do Estado).
10 a 1
Caso seja confirmada a cassação do mandato, Ortiz diz que vai entregar uma prefeitura “organizada, boa pagadora e que tem hoje a capacidade de elaborar projetos”. “Vou lutar, evidentemente, para ficar até o último dia. Fui eleito para isso. O meu dever é organizar a prefeitura para que, seja ao final de dois anos, seja num tempo menor, o próximo gestor não pegue a hecatombe que eu peguei [referindo-se à gestão do ex-prefeito Roberto Peixoto]”, afirma.
Quando perguntado sobre uma tendência das instâncias superiores da Justiça brasileira em acompanhar os pareceres das instâncias menores, o político reafirmou “pleitear a coerência”, não arriscou prognósticos, mas mostrou um certo otimismo: “Pode ser que de dez casos um seja revertido e esse caso seja justamente o revertido, mas é muito exercício de futurologia”.
Entenda o caso
Ortiz Junior participou do caso que ficou conhecido como “escândalo das mochilas”. Segundo o TRE-SP, durante a campanha eleitoral de 2012 Ortiz facilitou a participação de empresas em licitação para a compra de mochilas junto à FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) de São Paulo, que na época era presidida por José Bernardo Ortiz, seu pai.
Ainda segundo o tribunal, as empresas favorecidas pagaram uma comissão de cerca de R$ 8 milhões que serviram para financiar a campanha do tucano. Ortiz nega e recorre de decisões da Justiça desde 2013.
Em meio ao imbróglio judicial, o prefeito anunciou o lançamento do Parque Tecnológico de Taubaté, que deve acontecer no dia 5 de dezembro, no distrito industrial do Una 1. Segundo o prefeito, há quatro empresas esperando confirmação para ocuparem o espaço. Também disse que em quatro anos Taubaté não vai gastar mais com precatórios (dívidas do governo reconhecidas pela Justiça) e terá o dobro de lâmpadas nas ruas em 2015.
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