Entre centenas de túmulos visitados nos cemitérios da cidade de São José dos Campos, um deles recebe inúmeras orações e pedidos. O Jazigo de Maria Peregrina, localizado no cemitério de Santana é visitado até hoje pelos seus devotos. Nesta quinta feira de finados (2), foi inaugurado e abençoado o túmulo novo de Maria que foi feito após a população entregar para a prefeitura um abaixo-assinado com 500 assinaturas.
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Conhecida também como “Nhá Maria”, a andarilha perambulava pelos bairros da região norte da cidade com seu saco de estopa na cabeça, carregando latas e roupas velhas. Viveu na região entre 1946 e 1964, fazendo das grandes árvores sua moradia. Maria Peregrina era uma mulher negra, de estatura média, andar lento e que aparentava ter 60 anos de idade.
Após a morte da andarilha, dona Benedita Maria das Dores, mais conhecida como dona Mulata, comprou um terreno no cemitério e mandou construir um túmulo para Maria Peregrina. O motivo? A moradora de Santana teria alcançado uma graça após levar suas orações a Nhá Maria. Sem prova documental de sua origem, tudo o que se sabe a seu respeito é fruto das tradições orais, carregadas do romantismo de um povo que, após sua morte, lhe atribuiu o título de santa.
As narrativas sobre a vida de Maria Peregrina, embora tragam algumas informações coincidentes, possuem inúmeras variações e falta de dados históricos e provas documentais consistentes. Portanto, quase tudo o que se sabe sobre ela é fruto da tradição oral daqueles que, após sua morte, lhe atribuíram o título de Santa.
O que torna a história de Maria Peregrina interessante não são os poucos dados históricos de sua biografia, mas sim o modo como essa carência de informações possibilitou a criação de "diferentes versões" ao longo dos anos. A versão mais comum diz que Maria teria se tornado mendiga como castigo por ter batido em sua mãe. Já em um livro, conta que quando Nhá Maria se encontrava com as crianças na rua, contava que já tinha sido professora e que tinha muitos alunos inteligentes.
No ano de 2002 o Cemitério Municipal de Santana passou a ser denominado Cemitério Maria Peregrina, pela Lei 6184/02 | Lei nº 6184 de 17 de outubro de 2002. No mesmo ano, a ponte que liga o bairro de Santana ao Jardim Telespark também recebeu seu nome, pela Lei Municipal 6134/02 Lei nº 6134 de 12 de julho de 2002.
A história da andarilha foi transformada em uma peça de teatro pela Companhia Teatro da Cidade, estreando em maio de 2000 e se tornando um dos maiores sucessos da companhia. O dramaturgo Luis Alberto de Abreu retratou aspectos da vida da andarilha em seu texto, com direção de Claudio Mendel. A partir de pesquisas e histórias dos moradores locais, o dramaturgo optou por trabalhar com o imaginário em torno dos fatos e episódios levantados, transformando o texto em três histórias distintas que narram o universo da personagem.
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