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Falta de verbas ameaça suspender atividades da Unifesp em São José

Situação é decorrente do corte de verbas anunciado pelo MEC em abril

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Em São José dos Campos, a Unifesp tem 1.500 alunos matriculados

Reprodução/Unifesp 

A continuidade das atividades da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), do campus de São José dos Campos, está em risco e pode ser suspensa. Professores afirmam que todo o orçamento previsto para ser liberado este ano não é suficiente nem para pagar contas básicas e renovar contratos que vencem em setembro.

Dados orçamentários de funcionamento da Unifesp, referentes a julho de 2019, mostram que a verba total de custeio previsto para este ano é de R$ 68,8 milhões. Desde abril, quando o Ministério da Educação anunciou o contingenciamento de verbas, os recursos da instituição foram bloqueados em 30%, referentes ao fomento das ações de extensão, e 34,5%, referentes aos custos relativos ao funcionamento da universidade, como água, luz, contratos de manutenção e segurança, entre outros. Além disso, foram bloqueados 30% dos recursos de investimento em obras e reformas.

Sem a liberação de mais recurso, o campus de São José que pode entrar em um quadro de possível inoperância a partir de setembro, como informa Luciana Ferreira, professora e membro da diretoria da Associação dos Docentes da instituição.

“Estamos com um teto de inoperância. Infelizmente, a nossa verba é até setembro para pagamentos de contratos e tem alguns que nem conseguimos renovar. Já reduzimos custos de ajustes orçamentários, mas estamos com problemas básicos de água e luz que são fundamentais para o funcionamento do campus”.

O Ministério da Educação estuda mudar a forma de distribuir os recursos para as 63 universidades federais do país. A ideia é dar mais dinheiro para quem tiver melhor desempenho em indicadores como governança, inovação e empregabilidade, entre outros. Enquanto isto, o bloqueio da verba atinge todos os extremos das instituições, como no campus da Unifesp em São José dos Campos, onde 1.500 estudantes estão matriculados. 

Segundo a professora Luciana Ferreira, no campus de São José o auditório funciona com parte da iluminação, professores precisam comprar lâmpadas, canetas, folhas sulfite e outros equipamentos complementares, além de laboratórios que precisam de manutenção para o seu funcionamento. 

“Professores estão pedindo exoneração para trabalhar no exterior, um sinal de desalento que tem promovido essas iniciativas governamentais. Não conseguimos viabilizar aos alunos atividades de campo, extracurriculares. É lamentável que depois de anos de conquista estejamos perdendo esta possibilidade de cumprir nossas obrigações no combate a desigualdade social e educacional no país”, lamenta.

Estudantes estão temerosos 

O estudante e coordenador do Centro Acadêmico da Unifesp de São José Felipe Martins de Paula conta que a sensação é de medo e apreensão, já que a universidade é o sonho de muitos alunos e esse sonho pode, simplesmente, não existir mais. 

“Os cortes estão sendo colocados com muita preocupação e medo entre os alunos. A gente já começa a sentir algumas coisas dentro da nossa formação com alguns laboratórios que estão com problemas, computadores que quebram e não tem previsão para conserto, a falta de luz, além do medo mesmo da paralisação total e a gente perder o semestre. Tem alunos que já trabalham e querem concluir o curso para ter uma carreira melhor e estão com medo de não conseguir se formar com o atual estado da universidade”, relata.

O que diz a Unifesp

Em todo o estado de São Paulo, a Unifesp mantém unidades na Baixada Santista, Diadema, Guarulhos, Osasco, São José dos Campos e na capital. Por meio de nota a universidade afirmou que está mantendo contato constante com o Ministério da Educação na tentativa de liberação dos recursos e com parlamentares, quanto à solicitação de apoio junto às autoridades e na concessão de emendas. 

A instituição não precisou se as atividades podem ser paralisadas em setembro, mas diz que se não houver o descontingenciamento dos limites de empenho e o desbloqueio do orçamento “existe a possibilidade da interrupção das atividades já que o pagamento de custos relativos ao funcionamento da universidade, como água, luz e contratos de manutenção, segurança, entre outros, serão comprometidos”.

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