Liberação de fuligem teria provocado danos em cerca de 600 carros da montadora
Jorge Mesquita/Imprensa Livre
Em uma sessão marcada por homenagens e entrega de moções na Câmara de São Sebastião, chamou a atenção um requerimento apresentado pelo vereador e trabalhador portuário Edivaldo Pereira Campos, o Teimoso (PSB). Endereçado à Companhia Docas, que administra as atividades do Porto de São Sebastião, o documento questiona o órgão sobre um incidente ambiental que teria provocado a interrupção das atividades da montadora automobilística Fiat no local e, consequentemente, queda nos rendimentos da mão de obra atuante no porto.
No documento, Teimoso relata que há cerca de um mês teria ocorrido um incidente no Porto de São Sebastião. “Fagulhas oriundas da área ocupada pela empreiteira Schahin danificaram cerca de 600 veículos da montadora Fiat que aguardavam embarque na área de estacionamento do Porto”. Ainda de acordo com o vereador, o episódio teria provocado a interrupção das operações da multinacional italiana no local.
“Por causa desse incidente, a Fiat resolveu não mais realizar operações de embarque de veículos através do Porto de São Sebastião; até então, ela [montadora] promovia pelo menos três operações mensais de embarques de carros pelo nosso porto público”.
A não realização dessas operações, segundo o parlamentar, resultaria em um prejuízo de R$ 3 mil mensais nos salários dos trabalhadores portuários. Teimoso acredita que o incidente possa, inclusive, prejudicar a imagem do porto e, por conta disso, questiona o presidente da Companhia Docas, o engenheiro Casemiro Tércio de Carvalho, sobre as medidas desencadeadas pelo órgão no sentido de apurar a responsabilidade da empresa Schahin no ocorrido, bem como convencer a montadora italiana voltar a operar no local.
Sem conclusão
A Schahin atua na montagem de módulos para FPSO – que são unidades flutuantes de armazenamento e transferência de petróleo e gás. Essas unidades serão usadas na exploração do pré-sal. A empresa confirmou ontem parte das informações divulgadas por Teimoso. Ela recebeu uma comunicação formal da Companhia Docas “na qual foi relatada a ocorrência de avarias em alguns veículos da Fiat armazenados no Porto”.
Sobre a origem dessas fagulhas e seu impacto no meio ambiente, a empresa alegou que “agiu para apurar a questão, não havendo, por enquanto, qualquer conclusão a respeito”. A empreiteira alegou que não há registro de ocorrências anteriores deste tipo.
“Seguimos com rigor todos os protocolos pertinentes e, desde antes o início das atividades, a empresa apresentou um Plano de Gestão Ambiental para a Companhia Docas”.
Consultada, a Cetesc (Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo) declarou que não há reclamações sobre o assunto nos arquivos da Agência Ambiental de São Sebastião e, por este motivo, não poderia comentar nada a respeito da natureza e impacto dessas fagulhas no meio ambiente e na saúde da população.
Operações
A Automóveis Fiat informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que utiliza o Porto de São Sebastião para importação e exportação de veículos. “Face às obras em andamento nas suas imediações e visando a qualidade de seus produtos, a Fiat suspendeu temporariamente suas operações naquelas instalações”.
Já a Companhia Docas, que administra o Porto de São Sebastião, informou que houve registros de ocorrências do tipo no período de tempo citado pelo vereador, mas credita a diminuição das operações da multinacional a questões ligadas à economia como um todo e não à ocorrência ambiental em questão.
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