Por Eliane Mendonça Em RMVale

Dados de pacientes são usados em tentativa de golpe no 'Antoninho'

Hospital registrou B.O. e abriu sindicância para apurar o caso

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O hospital ligou para familiares dos pacientes, alertando sobre o golpe

Arquivo/Meon

 

O hospital Antoninho da Rocha Marmo divulgou na tarde desta terça-feira (15) um alerta de uma tentativa de golpe contra familiares de pacientes internados no hospital. Os estelionatários telefonam e se identificam como médicos, pedindo depósito em dinheiro para subsidiar algum exame de alta complexidade.

E, segundo familiares de pacientes ouvidos pelo Meon, os golpistas ligam com posse de todas as informações pessoais do paciente, o que faz a vítima acreditar na veracidade da história.

A filha de uma das pacientes, que não quis ser identificada, disse que quase caiu no golpe porque a pessoa do outro lado da linha tinha informações muito precisas da sua mãe, que estava internada.  “A pessoa que me ligou sabia o meu nome e se identificou como médico do hospital. Disse que minha mãe tinha de fazer um procedimento de urgência. No entanto, o convênio demorava três dias para liberar e, por isso, pedia que eu pagasse o valor de R$ 4.900 que depois o convênio reembolsaria”, disse.

Ela conta que só desconfiou depois que pediu mais detalhes do exame e o próprio estelionatário entrou em contradição. “Ele disse que era um exame de sangue muito específico que ela tinha de fazer, porque os exames que chegaram deram alteração. Foi aí que pensei: então ela já fez o exame!”, disse.

Ela concluiu a conversa e ligou para o hospital na sequência, que confirmou se tratar de golpe, já que a mãe não precisava de exame algum. “Eles foram muito habilidosos pra falar comigo. E fiquei na dúvida no começo porque tinham o meu nome, o nome da minha mãe, a data da internação dela. Falaram até o nome do médico que estava a acompanhando”, disse.

Em outra situação, os estelionatários quase conseguiram o que queriam. Um outro familiar contou ao Meon que por muito pouco não fez a transferência. “Só não fiz porque o valor que me pediram era muito alto, de R$ 6.800, e o banco não autorizava a transferência pela Internet, só pessoalmente. Aí cheguei a pedir pra uma tia ir na agência fazer o depósito. Mas antes de ela efetivar a transação, liguei pro hospital e soube que era golpe”, disse.

Ele disse que, no seu caso, o estelionatário chegou a adicioná-lo no Whattsapp para que ele enviasse o comprovante de depósito, além dos documentos da mãe, para que liberasse o exame.

A forma de ação foi a mesma: ligaram dizendo que o seu pai precisava de um exame urgente. “A pessoa tinha todas as minhas informações pessoais. Não suspeitei, em nenhum minuto. Achei que era sério”, disse.

Ele conta que só descobriu quando ligou pra sua tia fazer o depósito e ela perguntou se não era golpe. “Respondi que não. Mas fiquei com aquilo na cabeça. Daí liguei pro hospital e vi que ela tinha razão”, disse.

Hospital já tomou providências

A administradora do Antoninho da Rocha Marmo, Juliana Nicoli, disse ao Meon que o hospital descobriu o golpe porque recebeu sete ligações, em setores diversos do hospital, de gente pedindo informações sobre pacientes. 

“Em uma dessas ligações, ligaram para a UTI se passando por um médico que disse que assistia um dos pacientes internados e queria informações sobre o seu estado de saúde. Não damos informações de pacientes por telefone”, disse.

Segundo ela, o hospital achou estranho porque nessas ligações a pessoa do outro lado tinha informações precisas dos pacientes, como número da carteirinha do convênio, por exemplo. “Quando percebemos que algo estava estranho rastreamos as ligações. Sabemos que vieram de um DDD 066. E que cada ligação caiu num setor diferente, em horários diferentes também”, disse.

Ela conta que o hospital registrou Boletim de Ocorrência, abriu uma sindicância interna para apurar quais funcionários atenderam as ligações e o que informaram. “Temos de entender a conduta dos funcionários nesse episódio para entender o que falhou, se falhou, e darmos as orientações para que isso nunca mais volte a ocorrer”, disse.

O hospital também disse que contactou o provedor que já descartou qualquer possibilidade de invasão ou interceptação do sistema do hospital. “Isso já está descartado”.

Para evitar que novos casos ocorram, o hospital também disse que ligou para os familiares de todos os pacientes internados, informando da possibilidade de golpe, para que não façam depósitos para ninguém.

“Não fazemos cobranças por telefone em nenhuma hipótese. Quem receber esse tipo de ligação deve procurar a polícia”, disse.

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