Por Meon Em Opinião

Menor mobilidade, menos oportunidades

Noto que atualmente as pessoas têm compreendido um pouco mais sobre o que vem a ser mobilidade urbana e, portanto, pedestres, ciclistas e usuários do transporte coletivo, por exemplo, recebendo um outro olhar, finalmente.

É lógico que, em termos estruturais, para atender tudo aquilo que “não vai de carro”, as mudanças ainda seguem lentas por aqui quando comparadas a países que já entenderam bem –desde as mentes até os novos redesenhos de suas urbes-- o quanto a mobilidade urbana impacta diretamente a saúde, a sustentabilidade e toda a economia de uma cidade inteira.

Não à toa, em locais marcados por uma mobilidade urbana mais democrática, o amplo direcionamento de capital em infraestruturas de transporte público, bem como cicloviárias e pedonais, não é visto como gasto e sim, como investimento.

Tenho fé de que um dia também chegaremos lá e, dessa forma, ampliações de pistas ou construção de novas avenidas deixarão de ser matérias de destaque porque estará introjetada de vez a noção de bem coletivo acima do individual.

É nesse sentido que percebo o quanto ainda se peleja por aqui e, associa-se a isso, um ponto crucial ainda de pouca compreensão e, talvez, até mesmo aceitação: a relação existente entre mobilidade urbana e oportunidade – seja esta de trabalho, escolaridade, lazer e toda uma infinidade de situações que compõem o nosso dia a dia.

Quanto mais oportunidades os cidadãos têm, mais suas vidas giram, agregando novos conhecimentos, trocas e experiências. No entanto, é preciso acessar –no sentido próprio da locomoção– tais oportunidades de uma cidade.

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Em locais marcados por uma mobilidade urbana democrática, o direcionamento de capital o transporte público não é visto como gasto, e sim investimento

Pixabay

Quando finalmente fazemos tal tipo de reflexão, aí sim estamos olhando além e concluindo que a mobilidade –muito mais do que mover pessoas e bens-- é também uma ferramenta para a inclusão social ou, em seu contrário, de exclusão social. Logo, ela é capaz, por exemplo, de agravar ainda mais os casos de desigualdade social dentro de um município.

Reflitamos: será que basta ouvirmos dizer que novas escolas, novos hospitais, novos parques, mais centros de lazer e cultura serão feitos? Como chegaremos até esses locais? O acesso –percebam– está, em absoluto, antes de tudo isso. É um gravíssimo erro –seja da parte dos gestores, seja da nossa parte-- considerarmos natural que as pessoas “tenham que ter” (atenção às aspas) um carro –um bem privado-- para acessar isso ou aquilo, esta ou aquela oportunidade.

Promover o aumento da mobilidade de uma população e, consequentemente seu acesso às mais variadas oportunidades, não é esperar que todos (de pobres a ricos), tenham, um dia, seu carro e, sim, criar condições urbanas para que toda a população (dos centros às periferias) possa se locomover, sobretudo, através de um eficiente transporte público (eficiente em custo e desempenho), e, também, através de um sistema cicloviário que contemple a intermodalidade bike-bus. E, obviamente, somam-se a ambos, calçadas seguras, sombreadas e confortáveis capazes de encorajar mais as pessoas a se deslocarem com suas próprias pernas. 

E então? Olhemos ao nosso redor: nem será preciso ir tão longe para perceber que muitos nem até tão perto... estão conseguindo chegar!

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