Por Meon Em Opinião

Tempos de compartilhar

Se há uma palavra que corre solta nos últimos tempos é a tal compartilhar (o “facemundo” que o diga, né?), e ali, em meio às redes não literais que nos envolvem neste século 21, ela ganha força. Mas, o interessante é observar que, no mundo real, a arte do compartilhamento é tendência também no urbanismo, seja quando falamos de espaços de uma cidade, seja quando falamos de veículos que usamos para nos deslocar.

Assim, ao compartilharmos um show em praça pública ou uma bicicleta de um terminal de ônibus (inclusive, para ir dali pedalando até o show, por exemplo), novos hábitos e novos comportamentos se configuram e, portanto, novas cidades também. Não à toa, na coluna anterior, abordei a questão do compartilhamento privado de carros que, com muita timidez, vem chegando ao Brasil.

Sistemas de carsharing evidenciam o quanto vem se desgastando a ideia da posse de um automóvel privado como solução soberana para o ir e vir. E assim, cada vez mais, se faz necessária uma pluralidade quanto à mobilidade, ou seja, uma espécie de “mix” quanto aos tipos de modais (e formas) que se pode acessar para ir e vir de um ponto ao outro

Inevitavelmente, a tecnologia está ligada a toda essa arte do compartilhar e se configura como uma grande aliada de novas formas de mobilidade. Um exemplo claro disso é o Uber - nem vou me estender para falar sobre a potência do aplicativo enquanto ferramenta também capaz de proporcionar verdadeiros “desmontes” em boa parte dos “intocáveis” sistemas de taxi. Enfim... são mudanças, novidades e inovações acontecendo a todo instante e as reações – de apoio ou revolta – jamais deixarão de existir.

Nesse cenário de novas tendências aliadas à tecnologia, recentemente, em vez de ir para a rodoviária pegar um ônibus rumo a São Paulo, acionei a plataforma de caronas “Bla bla car”. Na volta, idem. Tenho amigos que usam tal aplicativo já há tempos não só para pegar carona como também para ofertar - aliás, bem interessante essa dupla possibilidade da ferramenta. Em resumo: achei prático, bastante econômico, eficiente e seguro (é claro que tal palavra envolve uma certa lógica pessoal, pois cada um tem seu parâmetro de “segurança”, mas isso é papo polêmico para uma outra coluna sobre a lucrativa “cultura do medo” ).

Além dos mais, considero que o aplicativo é bastante sociável, pois como sugere o próprio nome, durante a viagem a prosa rola solta possibilitando, portanto, o compartilhamento de histórias, sensações e novos contatos. Afinal, ele é usado efetivamente para percursos de um município ao outro, gerando viagens mais longas o que acaba por aproximar mais as pessoas. No Uber, até mesmo pelas distâncias menores, a dinâmica é mais introspectiva entre desconhecidos que seguem no mesmo carro.

De qualquer forma, este ou aquele aplicativo - ambos girando em torno do “compartilhamento do automóvel” - revela o enorme potencial da tecnologia para ajudar a pluralizar nossa forma de ir e vir melhorando assim a qualidade de vida de todo o meio.

Porém, tem aí outro aspecto que fico só observando e me indagando: “tem gente que não quer se misturar mesmo...vai entender”. Se alguns dizem que a tecnologia não é pra todos, eu acrescentaria que... a arte de compartilhar – essa tendência - também não.

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