O PENSAMENTO: – “Todas as manhãs, nos é dada a chance de um novo recomeço. Olhe-se no espelho e pense: “Eu tenho tudo para ser feliz”. Bom dia! – Rita Junqueira
O FATO: A minha longa convivência no Edifício chanfrado da Avenida Paulista, como diretor da FIESP/CIESP, deu-me o privilégio de conhecer celebridades inesquecíveis. Destaco, no meu lembrançódromo (neologismo), duas pessoas diametralmente diferentes: Um dos mais brilhantes advogados do Brasil outro um dos mais brilhantes músicos. São Irmãos! Chegam a ser idênticos na simplicidade, na humildade, na mansidão. Yves Gandra Martins jurista, professor emérito. João Carlos Martins tem outro irmão também pianista, José Eduardo Martins, e como vocação familiar João é considerado um dos maiores intérpretes de Johann Sebastian Bach. Foi um pianista maravilhoso brilhando na avenida do teclado.
No apogeu de sua carreira artística contraiu séria enfermidade que lhe paralisou os dedos. Dedos sagrados, cumpridores das ordens de Deus de espalhar acordes de alegria e beleza. Distonia focal, doença considerada rara, causada por um problema no sistema nervoso central, sem cura e que afeta os movimentos das mãos. Só que a grande paixão de sua vida foi a MÚSICA.
Teve o ímpeto de REGER e começou sozinho, na sua solidão, a ser íntimo de uma batuta. Em fraterna conversa com seu querido irmão Yves Gandra, recebeu dele uma ideia genial: fazer uma orquestra, “- Mas como!”. As Orquestras Sinfônicas são organizações que, geralmente, são mantidas pelo governo. Já as Orquestras Filarmônicas são mantidas e financiadas por membros da sociedade. “- É por aí!
Vamos em busca de patrocínios empresariais. Vamos buscar paraninfos que patrocinem músicos iniciantes e cheios de talentos não revelados.” Os olhos de João brilharam. Yves Gandra animado e entusiasmado prosseguiu: “A FIESP é a casa dos empresários. O Presidente é o PAULO SKAF, meu amigo. Vamos falar com ele e ele poderá nos indicar alguns empresários beneméritos e prestativos.” Agendaram com facilidade uma reunião com Skaf que os recebeu efusivamente. Expuseram pormenorizadamente o fantástico e mirabolante plano daquela que viria a ser A FILARMÔNICA nos nossos sonhos.
Paulo Skaf com sua cautela e equilíbrio, pediu uns poucos dias para estudar o assunto, e rapidamente os convocou para nova audiência: “Nós NÃO vamos correr o chapéu entre os empresários. A ação cultural do SESI vai bancar essa orquestra que o Maestro João Carlos Martins será o REGENTE”. O júbilo provoca lágrimas e suas emoções são eternas.
Como pianista, aos vinte anos estreou no Carnegie Hall, patrocinado por Eleanor Roosevelt. Após esse recital, no final dos anos 60, recebeu uma recomendação de Salvador Dalí: "Diga a todos que você é o maior intérprete de Bach, algum dia vão acreditar. Faz muitos anos que digo ser o maior pintor do mundo e já há gente que acredita". O crítico termina dizendo que João Carlos Martins não teve que esperar tanto tempo. João Carlos viu-se por diversas vezes privado de seu contato com o piano.
Em 1965, em um jogo treino da Portuguesa (João Carlos era jogador e torcedor fanático da Portuguesa), ele foi convidado para integrar o time, mas teve uma queda, que perfurou seu braço direito na altura do cotovelo, atingindo o nervo ulnar, provocando atrofia em três dedos, obrigando-o a parar de tocar por um ano.
Tocou com dificuldade até os 30 anos. Tornou-se empresário de música e boxe por 7 anos, empresariando Eder Jofre, bicampeão mundial de boxe, ídolo dos tablados da nobre arte. Após 60 anos da primeira apresentação no Carnegie Hall, em Nova York, o maestro paulistano João Carlos Martins recebeu um convite marcante e irrecusável de uma pessoa muito especial: Eleazar de Carvalho. À época, era o mais festejado Maestro do Brasil, procurou João Carlos Martins: “Vem para cá, que eu vou te ensinar a reger”. Aí começou a nascer UM GÊNIO.
Foi homenageado pela escola de samba paulistana Vai-Vai com o enredo "A Música Venceu", tendo o maestro como destaque no último carro e em alguns momentos do desfile "regendo" a bateria da agremiação. A escola se tornaria campeã do carnaval de 2011. Em 2001, ele grava o álbum Só para Mão Esquerda, escrito por Maurice Ravel para Paul Wittgenstein. Em maio de 2004, esteve em Londres regendo a English Chamber Orchestra, uma das maiores orquestras de câmara do mundo. Em 2007, ele, torcedor fanático da Associação Portuguesa de Desportos, toca o hino nacional brasileiro, no último jogo da temporada no estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte lotado, quando a Portuguesa voltava para a série A do Campeonato Brasileiro.
Nas múltiplas e fascinantes apresentações das Bacchianas que tive oportunidade de assistir, fiquei empolgado com a apresentação de um jovem tenor introduzido pelo Maestro João: JEAN WILLIAM. O Cantor JEAN WILLIAM - Estrela da música lírica brasileira que se tornou conhecido com o apoio do maestro. Apadrinhado pelo maestro João Carlos Martins, já cantou para o Papa Francisco, para o príncipe Albert IIº de Mônaco, além de ter subido em importantes palcos da Europa e Estados Unidos, incluindo o famoso Avery Fisher Hall, no Lincoln Center, em Nova York. Jean foi apresentado pela jornalista e amiga Mônica Bergamo a João Carlos Martins, que ficou impressionado com seu alcance e versatilidade vocal.
Desculpem, mas nosso posicionamento é absolutamente apolítico, mas para evitar confusões desagradáveis, o tenor JEAN WILLIAM, nada tem a ver com o parônimo Jean Wyllis, político medíocre que recentemente abandonou o mandato de deputado. Percebo que o Maestro J.C. MARTINS tem especial apreço pelo Vale do Paraíba: esteve nos 99 anos do Vicentina Aranha; em 2022 no Parque da Cidade em Jacareí. Na reinauguração do portentoso Teatro do SESI, em São José, que recebeu o meu nome, como patrono (“Teatro do SESI “Felipe Antônio Cury”), Almir Fernandes e eu fomos agraciados com a Comenda “Mérito Industrial São Paulo”.
Para nossa honra, o MAESTRO JOÃO CARLOS MARTINS estava presente ao vivo, a cores e, principalmente com SOM. E com o Tenor Jean William. Mais recentemente -ano passado- apresentou-se na inauguração da FARMA CONDE ARENA, em sensacional promoção do nosso SESI. Hoje rola no Globo Play um filme notável JOÃO O MAESTRO (Já assisti duas vezes) .
O Maestro João Carlos Martins se eleva a um patamar raramente alcançado por outros músicos brasileiros no século XX.
COLUNISTA
Felipe Antônio Cury, mineiro de Três Corações, reside há mais de 60 anos em São José dos Campos.
Formado em Ciências Jurídicas e Administrativas, pela Fundação Joseense de Ensino, foi Professor de Língua Portuguesa e Comunicação, na Escola Técnica “Olavo Bilac”.
Foi presidente da ACI - Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos, por 8 anos, além de ocupar outros importantes cargos em diversas instituições do município.
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