As soluções que já existem e podem ser colocadas à disposição da sociedade são surpreendentes, e revelam a nossa capacidade de criar prosperidade de forma sustentável e inteligente. Como o carro movido a água salgada criado na Suíça, testado por mais de 10 mil quilômetros, faz de 0 a 100km/h em 6 segundos e já no 3º modelo. Ou o sistema de captação e armazenamento de água no deserto, que cria um grande iceberg (água no estado sólido é isolante térmico) sobre a areia quente com energia solar e nanotecnologia para fornecer água potável (e gelada) para comunidades locais. Há também solução para impressão de casas sustentáveis com impressoras 3D de larga escala, e até impressão de tecidos humanos para transplantes. Tudo isso testado, validado e já disponível.
O ser humano é a única espécie do planeta que pode desenvolver soluções de alta complexidade para resolução de problemas coletivos. E é justamente esta reflexão que gostaria de trazer neste artigo: Toda vida existe por algum significado, qual o papel original do ser humano na evolução da vida no planeta?
Os seres de todos os Reinos da natureza (Reino das Plantas, Reino dos Animais, Reino dos Fungos, Reino Protista e Reino Monera) exercem uma função para o equilíbrio e evolução da vida. Assim como os minerais, a água, o ar e o fogo que contribuem para a harmonia dos ciclos que sustentam a vida. Mas, diante de tantas atrocidades e devastação que a nossa civilização tem provocado ao planeta, como podemos interpretar a contribuição do ser humano neste movimento de expansão e evolução?
O Planeta é vivo: Teoria de Gaia
Para começar a compreender esse papel, vale analisar a Teoria Gaia. Criada em 1969 pelo cientista e ambientalista inglês James Ephraim Lovelock, com apoio da bióloga norte-americana Lynn Margulis, a Teoria de Gaia defende que nosso planeta é um gigantesco organismo vivo, capaz de se autorregular e se adaptar para garantir a manutenção da vida, inclusive influenciando o comportamento de suas espécies e ecossistemas. Atualmente esta teoria é amplamente aceita entre muitas comunidades científicas, por constatação empírica, quando se observa, mensura e inter-relaciona dados.
As evidências são muitas. Uma delas trata da composição da atmosfera, uma combinação muito específica de gases que permite a vida no planeta, e parece só existir graças a uma autorregulação complexa da densidade e presença de espécies naturais. Pesquisas comprovaram que a presença dos seres fotossintetizantes (as árvores e algas, por exemplo) regula o teor de gás carbônico (CO2) na atmosfera, enquanto favorece a presença de nitrogênio (N2) e oxigênio (O2). Simulações mostraram que uma alteração relevante nestes seres (como a provocada pelo desmatamento ou pela acidificação dos oceanos) poderia inviabilizar a vida neste planeta. Neste caso, observa-se como o Planeta equilibrou naturalmente ao longo de milhões de anos a presença e densidade de espécies específicas para melhor equilíbrio e evolução de todas as suas espécies.
Existem muitos outros exemplos. Até mesmo na atual pandemia da Covid, se analisar sob a ótica da Teoria Gaia, pode-se interpretar que este vírus foi como uma resposta autoimune do planeta contra a única parte de ser “corpo” que está em desequilíbrio: a raça humana. A ciência já provou que mesmo que seja possível animais contraírem o vírus, eles não apresentam sintomas ou riscos de morte. Trata-se de uma doença que afeta única e exclusivamente os seres humanos. Neste caso, fazendo-os diminuir o ritmo e tornarmos mais conscientes de nossas ações.
As leis da física nos dizem que toda energia sempre irá tender ao equilíbrio, portanto o desequilíbrio é sempre ajustado e autorregulado naturalmente. Como em um corpo humano, o planeta Terra, ou “Gaia”, possui capacidade de autorregulação a partir da interação entre seres vivos (os 5 Reinos citados acima) e elementais (fogo, terra, água, ar, éter), mas em um tempo diferente da percepção humana. É preciso várias vidas humanas para compreender os movimentos do planeta, daí a importância da geologia e dos estudos químicos para identificar esses “rastros” que ficam registrados nos solos e composições do planeta.
Transformar realidades para favorecer a evolução
Desta forma, segundo a Teoria Gaia, os seres humanos, juntamente com todos os seres e reinos, são como células no “corpo” do planeta. E, como tal, possuem o seu papel para a manutenção da vida neste “organismo maior”.
Ocupamos o topo da cadeia alimentar e somos dotados de autoconsciência e capacidade de superar nossos próprios limites e também de impor nossas vontades sobre o ambiente ao redor. E é justamente destas capacidades únicas entre todas as outras espécies do planeta que se origina o papel essencial do Ser Humano: transformar realidades para favorecer a evolução.
Praticamente tudo que fazemos como civilização envolve algum nível de transformação. Seja nos processos de agricultura para a alimentação, na construção de moradias, nas cadeias produtivas da industrialização, ou até no impacto individual que provocamos no meio ambiente de acordo com o nosso estilo de vida. A questão é se estamos transformando o mundo a nossa volta para favorecer a evolução ou se estamos, na verdade, contribuindo com a nossa própria extinção.
A espécie humana tem sido aliada na evolução do planeta ou um empecilho a nossa própria sobrevivência? Infelizmente, centenas de indicadores e estudos indicam que a ação dos seres humanos tem prejudicado e provocando transformações que afetam negativamente o equilíbrio e a manutenção da vida.
Entre os principais indicadores estão a extinção de espécies e perda da biodiversidade, a crescente emissão de gases nocivos na atmosfera e de lixos tóxicos, o desmatamentos desmedido das florestas, a concentração de renda cada dia mais intensa (hoje, apenas 8 pessoas já detém mais recursos que 4 BILHÕES de pessoas), a destruição de afluentes e rios, a acidificação dos oceanos e o branqueamento dos corais.
Todas essas questões estão provocando graves consequências, o que inclusive coloca os cientistas em “território desconhecido”, uma vez que todos os recordes negativos estão sendo batidos ano a ano e o efeito sistêmico disso é desconhecido por nossa espécie. A intensificação de fenômenos climáticos que já estamos vivenciando é apenas uma das consequências das nossas próprias ações.
Diante de todos esses contextos, podemos interpretar o papel original do Ser Humano como a espécie responsável pela ação de intervir e transformar a estrutura e ambiente do planeta com o objetivo de facilitar, fortalecer e proteger a evolução e regeneração da vida. Por exemplo, para se desenvolver uma cidade é preciso muita intervenção para oferecer os padrões atuais de lazer, saúde, saneamento básico, transporte, etc. O Ser Humano transforma o ambiente para possibilitar a prosperidade de sua espécie. O problema é o sistema de produção baseada no pensamento individual, e não sistêmico da vida, o que leva ao uso de soluções completamente desintegradas e nocivas ao planeta, baseadas muitas vezes apenas na maximização do lucro individual.
O ser humano atual trabalha para suprir as suas próprias necessidades, de maneira egoísta, inconsequente e nociva para os ciclos naturais e outras formas de vida. A boa notícia é que já existem soluções que permitem aplicar nosso poder de transformação de forma sustentável, e até regenerativa, para suprir as nossas necessidades sem provocar a destruição da vida ao redor.
Já dispomos de soluções para construir cidades e estruturas de forma mais equilibrada e sustentável. Pequenas cidades por todo mundo já estão nascendo ou se adaptado para esta nova realidade que, será questão de tempo, para se tornar cada dia mais comum e acessível a todos.
A (necessária) consciência da sustentabilidade e cooperação
Nosso planeta demonstra diversos sinais de colapsos provocados por nossas próprias ações, e somos a única espécie capaz de reverter este cenário. Somos responsáveis coletivamente, como espécie, por tudo dano que causamos. Para termos um futuro em equilibro, não há escolha: deveremos assumir o nosso papel na evolução do planeta e trabalharmos de forma cooperativa para regenerar os ciclos naturais e meio ambiente.
Um esforço global para superar a cultura do “Poder Sobre”, que impõe barreiras, divide opiniões e individualiza relações e instituir sistemas baseados na cultura do “Poder Com”, que constrói pontes, unifica propósitos e favorece relações colaborativas e pensamentos coletivos.
Diversas coalisões internacionais e iniciativa coletivas estão surgindo com estes propósitos de criar uma sociedade onde o papel exercido pelo homem será de maior sustentabilidade e equilíbrio. Cada dia ganha mais força a proposta de uma “atualização” do capitalismo como o único caminho possível um futuro em equilíbrio para a humanidade.
Esperamos que os líderes da sociedade, em seus governos, empresas e organizações, incentivem a adoção de medidas e soluções mais sustentáveis e cooperativas para evitar que sejamos as próprias vítimas do sistema que criamos.
Todas as soluções já existem. Não é preciso criar nada novo, mas sim aplicar as soluções nas áreas essenciais da humanidade, com organização em cooperação. A vida é constituída de um perfeito equilíbrio e somos parte do processo
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