Por Fabiano de Paula Porto Em Blog e Colunas Atualizada em 02 DEZ 2020 - 11H48

Qual o papel do ser humano no planeta?

"A vida é constituída de um perfeito equilíbrio e somos parte do processo"

As soluções que já existem e podem ser colocadas à disposição da sociedade são surpreendentes, e revelam a nossa capacidade de criar prosperidade de forma sustentável e inteligente. Como o carro movido a água salgada criado na Suíça, testado por mais de 10 mil quilômetros, faz de 0 a 100km/h em 6 segundos e já no 3º modelo. Ou o sistema de captação e armazenamento de água no deserto, que cria um grande iceberg (água no estado sólido é isolante térmico) sobre a areia quente com energia solar e nanotecnologia para fornecer água potável (e gelada) para comunidades locais. Há também solução para impressão de casas sustentáveis com impressoras 3D de larga escala, e até impressão de tecidos humanos para transplantes. Tudo isso testado, validado e já disponível.

O ser humano é a única espécie do planeta que pode desenvolver soluções de alta complexidade para resolução de problemas coletivos. E é justamente esta reflexão que gostaria de trazer neste artigo: Toda vida existe por algum significado, qual o papel original do ser humano na evolução da vida no planeta?

Os seres de todos os Reinos da natureza (Reino das Plantas, Reino dos Animais, Reino dos Fungos, Reino Protista e Reino Monera) exercem uma função para o equilíbrio e evolução da vida. Assim como os minerais, a água, o ar e o fogo que contribuem para a harmonia dos ciclos que sustentam a vida. Mas, diante de tantas atrocidades e devastação que a nossa civilização tem provocado ao planeta, como podemos interpretar a contribuição do ser humano neste movimento de expansão e evolução?

O Planeta é vivo: Teoria de Gaia

Para começar a compreender esse papel, vale analisar a Teoria Gaia. Criada em 1969 pelo cientista e ambientalista inglês James Ephraim Lovelock, com apoio da bióloga norte-americana Lynn Margulis, a Teoria de Gaia defende que nosso planeta é um gigantesco organismo vivo, capaz de se autorregular e se adaptar para garantir a manutenção da vida, inclusive influenciando o comportamento de suas espécies e ecossistemas. Atualmente esta teoria é amplamente aceita entre muitas comunidades científicas, por constatação empírica, quando se observa, mensura e inter-relaciona dados.

As evidências são muitas. Uma delas trata da composição da atmosfera, uma combinação muito específica de gases que permite a vida no planeta, e parece só existir graças a uma autorregulação complexa da densidade e presença de espécies naturais. Pesquisas comprovaram que a presença dos seres fotossintetizantes (as árvores e algas, por exemplo) regula o teor de gás carbônico (CO2) na atmosfera, enquanto favorece a presença de nitrogênio (N2) e oxigênio (O2). Simulações mostraram que uma alteração relevante nestes seres (como a provocada pelo desmatamento ou pela acidificação dos oceanos) poderia inviabilizar a vida neste planeta. Neste caso, observa-se como o Planeta equilibrou naturalmente ao longo de milhões de anos a presença e densidade de espécies específicas para melhor equilíbrio e evolução de todas as suas espécies.

Existem muitos outros exemplos. Até mesmo na atual pandemia da Covid, se analisar sob a ótica da Teoria Gaia, pode-se interpretar que este vírus foi como uma resposta autoimune do planeta contra a única parte de ser “corpo” que está em desequilíbrio: a raça humana. A ciência já provou que mesmo que seja possível animais contraírem o vírus, eles não apresentam sintomas ou riscos de morte. Trata-se de uma doença que afeta única e exclusivamente os seres humanos. Neste caso, fazendo-os diminuir o ritmo e tornarmos mais conscientes de nossas ações.

As leis da física nos dizem que toda energia sempre irá tender ao equilíbrio, portanto o desequilíbrio é sempre ajustado e autorregulado naturalmente. Como em um corpo humano, o planeta Terra, ou “Gaia”, possui capacidade de autorregulação a partir da interação entre seres vivos (os 5 Reinos citados acima) e elementais (fogo, terra, água, ar, éter), mas em um tempo diferente da percepção humana. É preciso várias vidas humanas para compreender os movimentos do planeta, daí a importância da geologia e dos estudos químicos para identificar esses “rastros” que ficam registrados nos solos e composições do planeta.

Transformar realidades para favorecer a evolução

Desta forma, segundo a Teoria Gaia, os seres humanos, juntamente com todos os seres e reinos, são como células no “corpo” do planeta. E, como tal, possuem o seu papel para a manutenção da vida neste “organismo maior”.

Ocupamos o topo da cadeia alimentar e somos dotados de autoconsciência e capacidade de superar nossos próprios limites e também de impor nossas vontades sobre o ambiente ao redor. E é justamente destas capacidades únicas entre todas as outras espécies do planeta que se origina o papel essencial do Ser Humano: transformar realidades para favorecer a evolução.

Praticamente tudo que fazemos como civilização envolve algum nível de transformação. Seja nos processos de agricultura para a alimentação, na construção de moradias, nas cadeias produtivas da industrialização, ou até no impacto individual que provocamos no meio ambiente de acordo com o nosso estilo de vida. A questão é se estamos transformando o mundo a nossa volta para favorecer a evolução ou se estamos, na verdade, contribuindo com a nossa própria extinção.

A espécie humana tem sido aliada na evolução do planeta ou um empecilho a nossa própria sobrevivência? Infelizmente, centenas de indicadores e estudos indicam que a ação dos seres humanos tem prejudicado e provocando transformações que afetam negativamente o equilíbrio e a manutenção da vida.

Entre os principais indicadores estão a extinção de espécies e perda da biodiversidade, a crescente emissão de gases nocivos na atmosfera e de lixos tóxicos, o desmatamentos desmedido das florestas, a concentração de renda cada dia mais intensa (hoje, apenas 8 pessoas já detém mais recursos que 4 BILHÕES de pessoas), a destruição de afluentes e rios, a acidificação dos oceanos e o branqueamento dos corais.

Todas essas questões estão provocando graves consequências, o que inclusive coloca os cientistas em “território desconhecido”, uma vez que todos os recordes negativos estão sendo batidos ano a ano e o efeito sistêmico disso é desconhecido por nossa espécie. A intensificação de fenômenos climáticos que já estamos vivenciando é apenas uma das consequências das nossas próprias ações.

Diante de todos esses contextos, podemos interpretar o papel original do Ser Humano como a espécie responsável pela ação de intervir e transformar a estrutura e ambiente do planeta com o objetivo de facilitar, fortalecer e proteger a evolução e regeneração da vida. Por exemplo, para se desenvolver uma cidade é preciso muita intervenção para oferecer os padrões atuais de lazer, saúde, saneamento básico, transporte, etc. O Ser Humano transforma o ambiente para possibilitar a prosperidade de sua espécie. O problema é o sistema de produção baseada no pensamento individual, e não sistêmico da vida, o que leva ao uso de soluções completamente desintegradas e nocivas ao planeta, baseadas muitas vezes apenas na maximização do lucro individual.

O ser humano atual trabalha para suprir as suas próprias necessidades, de maneira egoísta, inconsequente e nociva para os ciclos naturais e outras formas de vida. A boa notícia é que já existem soluções que permitem aplicar nosso poder de transformação de forma sustentável, e até regenerativa, para suprir as nossas necessidades sem provocar a destruição da vida ao redor.

Já dispomos de soluções para construir cidades e estruturas de forma mais equilibrada e sustentável. Pequenas cidades por todo mundo já estão nascendo ou se adaptado para esta nova realidade que, será questão de tempo, para se tornar cada dia mais comum e acessível a todos.

A (necessária) consciência da sustentabilidade e cooperação

Nosso planeta demonstra diversos sinais de colapsos provocados por nossas próprias ações, e somos a única espécie capaz de reverter este cenário. Somos responsáveis coletivamente, como espécie, por tudo dano que causamos. Para termos um futuro em equilibro, não há escolha: deveremos assumir o nosso papel na evolução do planeta e trabalharmos de forma cooperativa para regenerar os ciclos naturais e meio ambiente.

Um esforço global para superar a cultura do “Poder Sobre”, que impõe barreiras, divide opiniões e individualiza relações e instituir sistemas baseados na cultura do “Poder Com”, que constrói pontes, unifica propósitos e favorece relações colaborativas e pensamentos coletivos.

Diversas coalisões internacionais e iniciativa coletivas estão surgindo com estes propósitos de criar uma sociedade onde o papel exercido pelo homem será de maior sustentabilidade e equilíbrio. Cada dia ganha mais força a proposta de uma “atualização” do capitalismo como o único caminho possível um futuro em equilíbrio para a humanidade.

Esperamos que os líderes da sociedade, em seus governos, empresas e organizações, incentivem a adoção de medidas e soluções mais sustentáveis e cooperativas para evitar que sejamos as próprias vítimas do sistema que criamos.

Todas as soluções já existem. Não é preciso criar nada novo, mas sim aplicar as soluções nas áreas essenciais da humanidade, com organização em cooperação. A vida é constituída de um perfeito equilíbrio e somos parte do processo

Escrito por:
Fabiano Porto (Arquivo Pessoal)
Fabiano de Paula Porto

Jornalista, especialista em Gestão de Mídias Digitais e Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Presidente confundador da Organização Social Instituto Regeneração Global.

Mentor na Founder Institute com ênfase em Negócios de Impacto e ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Possui 15 anos de experiência na área de comunicação, sendo mais de 10 anos como diretor de agência de marketing digital (Tec Triade Brasil).

Como palestrante em marketing, empreendedorismo e sustentabilidade esteve presente em mais de 30 cidades do Brasil representando cerca de 40 empresas e organizações. Também atuou por dois anos como Diretor do Capítulo de SJC da ABRADI (Associação Brasileira de Agentes Digitais) e foi Vice Presidente do Instituto Nikola Tesla.

fabianopporto@gmail.com

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Meon, em Blog e Colunas

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.