Foi no final dos anos 80 que Morgana Loren surgiu. Cheia de plumas, paetês, glitter e uma postura irreverente, a Drag Queen que está entre as mais respeitadas e queridas do Vale, animava e abrilhantava quaisquer casa de show que se apresentava. Dona de uma presença marcante, Morgana se produzia sozinha, com a cara, a coragem e com toda a magia de uma Drag Queen que se preze e entre suas inspirações estavam: Cher, Madonna, Cyndi Lauper, Whitney Houston, Ru Paul, Divine, Nanny People e diversas divas do cinema norteamericano.
"Ser Drag Queen no final dos anos 80 era muito melhor do que hoje em dia. Pode ser até estranho falar isso, mas não tinha essa competição que tem atualmente, esse deboche... tudo era muito novo para as Drags. A curiosidade do público sobre o nosso trabalho era muito grande, apesar do preconceito. Era tudo muito novo, muito gostoso. Sempre existiu homens que se vestem de mulheres, as transformistas... mas o termo Drag Queen começou, no Brasil, dos anos 80 pra cá. Nós, eu e uma amiga minha chamada Verônica, trouxemos para o Vale do Paraíba as Drag Queens, porque as veterenas eram de São Paulo, né? Nós éramos a nova geração de transformistas, usávamos as músicas das cantoras famosas, como se fossem nossas." relata. "Eu trabalhava pra caramba nos anos 90. Paguei faculdade, comprei carro, fiz plástica, viagens internacionais... tudo com o meu trabalho de Drag Queen", completa.
De acordo com o artista, hoje em dia a concorrência é desleal, pois as novas Drags não possuem todo esse preparo e investimento financeiro. "Então, por que um dono de boate vai se propor a pagar mais por tal Drag, se ele pode pagar o mesmo valor para cinco Drags novatas?". Foi graças a este fator que Morgana Loren começou a migrar das boates para os telegramas animados em que o retorno financeiro era maior e o trabalho, menor. Antes da pandemia, Morgana Loren fazia shows na boate de Taubaté, La Casa e Marcelo Macrina trabalhava com maquiagem e cabelo em salões de beleza como freelancer.
Durante sua extensa carreira como Morgana Loren, rodou o país com suas performances artísticas, estampou diversos cadernos culturais de jornais e pôde participar de inúmeros programas de TV. Em 1995 ganhou o concurso Cover International na cidade de São Paulo e já foi apresentadora e diretora artística de várias casas noturnas de São José dos Campos. No ano de 2010 foi coroada a Rainha Drag da 1ª Parada do Orgulho LGBT de Jacareí e do Vale do Paraíba e em 2018 recebeu o Troféu Vale Diversidade de Personalidade do Ano.
O homem por de trás de tudo isso, também não fica de fora dos holofotes. Marcelo Macrina é ator (agora em formação profissional no Centro de Artes Cênicas Walmor Chagas) e maquiador profissional. Em 2019 ganhou o prêmio de Melhor Ator Revelação pelo papel de Lana Turner no segmento "Michê" do curta metragem "Help" de Raphael Carlos. O prêmio foi concedido pelo Festival Estudantil de Cinema e Audiovisual da USP.
Quando perguntei sobre como é ser artista na Pandemia, ele respondeu: "Ser Drag Queen e ator nestes tempos é ter uma vida cheia de dor e de alegria ao mesmo tempo. A alegria, porque você percebe que ainda pode fazer alguma coisa, ainda pode existir... mas é uma dor também, porque você não pode fazer do jeito que você queria que fosse. Tem que ficar se adaptando, perdendo coisas pelo caminho, abandonando coisas que você acha que são importantes... e tudo é virtual! Ser virtual te salva do Covid, mas te tira o que é muito importante que é o contato, o olho no olho... você se torna cibernético apenas. Nada é tátil, físico e real. São só ilusões do seu passado." Apesar disso, Marcelo não fica parado e conta que seus hobbies durante a quarentana são: ler, assistir seus DVDs, navegar nas redes sociais e desenhar figurinos.
Ao ser provocado a descrever Morgana Loren em uma palavra, ele responde: "Camaleão. Como Drag Queen é preciso se transformar para se manter relevante." e sobre Marcelo Macrina, ele diz sem pestanejar "em construção".
#ValeRessaltar Morgana Loren que já é (e sempre foi) uma artista que vale ouro para todo o Vale do Paraíba e Marcelo Macrina: este homem, artista, ator que tanto nos supreende com seu tamanho profissionalismo, dedicação e criatividade.
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