As dificuldades e vantagens de deixar de fumar na terceira idade

12% dos idosos do Brasil fumam

Getty Images

Fumar é um hábito que pode custar até três anos da vida de uma pessoa saudável e causar uma morte dolorosa, especialmente em idosos, alertam os especialistas. Contudo, segundo dados do Ministério da Saúde, cresce o número de fumantes com mais de 60 anos no Brasil.

Segundo a última pesquisa realizada em 2012 pela Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), 12% dos idosos fumam,  e o tabagismo foi um dos principais causadores de câncer, doenças pulmonares e vasculares para este público. "Apenas 12% fumam porque os outros provavelmente morreram na idade adulta, antes da velhice. É um índice alto de fatalidades por conta do cigarro", diz o médico geriatra Roberto Schoueri Junior.

 Por outro lado, a pesquisa revela ainda que é também na terceira-idade, que a maioria dos adictos param de fumar. "É um trabalho muito difícil, quase de vendedor, convencer um idoso a deixar o vício. Eles dizem que não tem motivos para abandonar o prazer que sentem com o cigarro e que não tem motivos para largar o hábito, estando já perto da morte", afirma o especialista.

Tratamento
"O cigarro faz sentido para quem fuma. E como qualquer outra droga, a primeira coisa que tem que acontecer para deixar o tabagismo é a motivação para a mudança", garante Schoueri.

Segundo o geriatra, muitos idosos aceitam o tratamento para deixar de fumar não por medo da morte, mas para ter uma maior qualidade de vida. "Primeiro mostramos que nem tudo está perdido e que se ele tentar, pode conseguir e melhorar muito sua saúde. A pessoa dorme melhor, respira melhor, tem um hálito melhor, fica até mais bonita".

De acordo com o cardiologista José Roberto Tavares quanto antes a pessoa decidir parar, melhor para ela. "Quem fuma um maço de cigarro por dia só vai conseguir desintoxicar após dez anos de tratamento", explica.

Para auxiliar quem decide deixar o vício na terceira idade, o geriatra indica acompanhamento clínico, com uso de adesivos de nicotina, antidepressivos e terapia cognitivo comportamental, entre outros tratamentos. "É como se livrar de qualquer outra droga. Tem o tempo de desintoxicação, de fissura, depois melhora. É preciso força de vontade", reforça.

Risco
O tabagismo está relacionado à cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão e também é fator de riscos para outros cânceres, doenças vasculares, coronarianas e enfisema. O alerta serve também para que começou a fumar agora.

"Parar de fumar é uma decisão, em qualquer idade, que impacta não só no quando você vai morrer, mas também na maneira. Quase sempre que fuma tem um fim doloroso, seja por câncer, seja por outros tipos de doenças", conclui Schoueri.