Cena do filme Birdman que estreia hoje nas salas de cinema da RMVale
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Estreia hoje nas salas de cinema brasileiras uma produção imperdível que tem sido apresentada como favorita para levar a estatueta dourada de melhor filme: “Birdman ou (a inesperada virtude da ignorância)”. O filme conta a história de Riggan Thomson (Michael Keaton), um ator de cinema que ficou consagrado nos anos 90 por interpretar um super-herói numa franquia de filmes blockbuster. Após se recusar a fazer o 4º filme da série de Birdman, Riggan cai no esquecimento da indústria do entretenimento e tenta voltar aos palcos do teatro para se reerguer. O longa conta a história de quatro dias na vida do ator: três dias de preview da peça e o último, a grande noite de estreia.
Assim como “O Grande Hotel Budapeste”- e certamente o será com “Boyhood” -, este filme merece atenção especial não só pelo roteiro, mas também pela direção. Das nove indicações ao Oscar (melhor filme, melhor diretor, melhor ator, melhor ator coadjuvante, melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro original, melhor fotografia e melhor mixagem de som) podemos dizer que o diretor mexicano Alejandro González Iñarritu está bem preparado para uma grande batalha pelo prêmio.
Birdman foi filmado inteirinho em plano-sequência. Uma técnica que, segundo André Bazin, teórico da sétima arte, seria um dos maiores instrumentos do realismo cinematográfico, porque evita a fragmentação do real e respeita a liberdade do espectador, que se torna onisciente dentro do filme. Desde o início parece que acompanhamos a mente de Riggan intimamente. Caminhamos com ele, tomamos as decisões com ele, sentimos o que ele sente. E não caímos no tédio da trama central. Os diversos núcleos do filme são inseridos conforme os personagens aparecem para o ator e, vez ou outra, deixamos Riggan de lado para acompanhar Sam e Mike, centro das subtramas.
No elenco, que recebeu o principal prêmio do Sindicato dos Atores dos Estados Unidos (SAG) no último domingo, Sam (Emma Stone) é uma jovem que acabou de sair da reabilitação e filha do personagem principal. Indicada para concorrer ao prêmio de melhor atriz coadjuvante, Emma faz um belo trabalho mostrando mais uma vez sua versatilidade de atuação. Mike (Edward Norton, indicado como melhor ator coadjuvante) é um ator de nome que vem para tentar trazer prestígio e aumentar a bilheteria da peça de Riggan. E assim, ambos personificam os conflitos do esquecido homem-pássaro: Família VS. Carreira.
Contudo, além de questões familiares ou profissionais, o filme é uma crítica ácida à indústria do entretenimento. O sarcasmo de Alejandro foi tanto que num certo trecho do filme ele retoma uma polêmica do passado de Michael Keaton: quando Riggan fala sobre o auge de Birdman em 1992, data em que, coincidentemente, Keaton vestiu a roupa do homem-morcego pela segunda vez para Tim Burton e, em seguida, sofreu uma queda de visibilidade na carreira.
Como os blockbusters mexem com a cabeça dos atores? Qual o limiar entre a paixão pela arte e a paixão pelo ego do ator? Em quais parâmetros se baseiam as críticas de grandes impressos? O que é bom? O que é ruim? Qual a importância da publicidade?
Mas não foram apenas esses questionamentos que levaram Iñarritu a ganhar o globo de ouro de melhor roteiro. “A inesperada virtude da ignorância”, qual a nossa importância neste mundo? Por que temos a necessidade de sermos vistos e aplaudidos? Essa é a real reflexão proposta pelo filme. Nos tempos da agilidade das redes sociais, qual a validade da nossa “viralização”? Conflitos que vivemos atualmente e que, sim, têm atingido as indústrias cinematográficas – como o prepotente anúncio da agenda de lançamentos dos filmes Disney/Marvel. Afinal, a vida imita a arte ou a arte imita a vida?
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