Para muitos espectadores - e até cinéfilos -, será uma dupla surpresa saber não apenas que existe cinema no Haiti, mas também que a mais pobre república das Américas possui um cineasta dos mais prestigiados. Chama-se Raoul Peck. Foi jurado em Cannes (2010) e Berlim (2002). Aclamado por seu documentário Lumumba - La Mort du Prophète, dirige desde 2010 a La Fémis, ex-Idhec, a mais famosa escola de cinema da França.
Você tem agora a oportunidade rara de assistir a uma mostra de filmes de Raoul Peck. Ele nasceu em Port au Prince, 1953. Fugindo da ditadura de Papa Duvalier, a família refugiou-se no Congo. Vem daí a fascinação de Raoul pela mítica figura de Patrice Lumumba, a quem dedicou dois filmes - uma ficção (com Alex Descas) em 2000, e o já citado documentário de 1992.
Dizer que se trata de um grande diretor não dá conta da pluralidade da figura. Raoul Peck foi motorista de táxi em Nova York, fotógrafo e jornalista na Alemanha, onde se formou em cinema. De volta ao Haiti, estabeleceu-se como cineasta e ativista político. Por um breve período, em 1996/1997, foi ministro da Cultura do Haiti. Registrou sua experiência num livro - Sr. Ministro, Até Perder a Paciência.
A mostra resgata seis de seus 20 filmes, quase todos nas bordas da ficção e do documentário. Os dois sobre o líder africano assassinado em 1961 e também Canto do Haiti, sobre o desejo de vingança de um haitiano que foi torturado e reconhece numa livraria, em Nova York, seu antigo torturador; O Homem das Docas, que evoca a ditadura pelos olhos de uma menina; Moloch Tropical, centrado no governante Jean de Dieu; e O Lucro e Nada Mais, que documenta a miséria haitiana (e quem lucra com ela). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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