Por Gustavo Coltri Em Cultura

Imóveis: incerteza prejudica lançamentos no último trimestre

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Cautela de consumidores e a insegurança dos incorporadores explica possível queda no mercado

Divulgação

Mais de 160 projetos - 91,3% deles residenciais - estão em condições de lançamento neste último trimestre de 2014 na capital, segundo um levantamento da imobiliária Lopes.

Muitas incertezas rondando o país, no entanto, ainda tornam incerto o desempenho do mercado nos últimos meses do ano, tradicionalmente os mais aquecido.

O mercado imobiliário tem apresentado este ano resultados bem mais fracos do que em 2013. Os números mais recentes apurados pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) mostram que, no acumulado entre janeiro e agosto, os lançamentos na cidade caíram 23,0% em relação ao mesmo período do ano passado, e as vendas se retraíram 48,8%.

"Pelas informações preliminares que obtivemos, sabemos que a situação melhorou um pouco em setembro. Vamos ter também muitos lançamentos em outubro, e tenho certeza de que novembro e dezembro serão bons, mas não sei se teremos tantos imóveis novos quanto no ano passado", diz o economista chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci. Cerca de 12,5 mil imóveis foram lançados na capital no último trimestre de 2013.

A cautela de consumidores para assumir compromissos de longo prazo e a insegurança dos incorporadores explicariam a possível queda no mercado, na opinião de Petrucci. Ele diz que ainda não há clareza a respeito dos movimentos de política econômica do futuro presidente da República - o que poderia dar mais confiança a empresários e investidores -, além de haver um crescente medo de desemprego no País, apesar da alta empregabilidade atual.

Outro aspecto que pode desestimular os lançamentos, segundo Petrucci, é a restrição imposta pelo novo Plano Diretor Estratégico. Sancionada em 31 de julho, a lei permite que os projetos protocolados na Prefeitura antes dessa data respeitem o antigo plano urbanístico, de 2002. Para se beneficiar desse direito, porém, o incorporador não pode alterar a destinação do projeto nem mudar significativamente as metragens.

"Esse conjunto de empreendimentos em condições são de terrenos, para ser otimista, comprados em 2012, 2013, quando o mercado era diferente. Talvez os produtos desenvolvidos e aprovados não tenham aderência no mercado atual", diz.

Tendências. Em um cenário bastante otimista, três regiões podem se destacar, de acordo com o levantamento da Lopes: A Chácara Santo Antônio, a Bela Vista, especialmente na região do Baixo Augusta, e o Tatuapé, na zona leste.

A Bela Vista continua a atrair edifícios. Seis lançamentos estão previstos para essa área, como o VIP Augusta, do Grupo Esser, que terá compactos de 29 metros quadrados e 34 m² - a empresa deve lançar outros quatro projetos compactos em São Paulo da segunda quinzena deste mês até o fim de novembro.

A Chácara Santo Antônio, por sua vez, terá apenas dois lançamentos, mas figura com um alto valor geral de vendas (VGV)para os próximos meses. Só o RSVP, projeto da Odebrecht Realizações Imobiliárias nas proximidades do Morumbi Shopping, tem VGV de R$ 700 milhões, com uma proposta de apartamentos amplos.

Já o Tatuapé figura com 11 projetos em preparação, que reúnem cerca de 1.300 unidades. "Mas não tenho certeza se tudo isso chegará ao mercado", diz a diretora geral de atendimento da Lopes em São Paulo, Mirella Parpinelle - hoje, ela não recomenda, por exemplo, o lançamento de comerciais. De qualquer forma, algumas empresas confirmam interesse na área, como a Kallas, que prevê um projeto na rua Cândido Vale.

Bairros periféricos devem dominar as novas ofertas
Boa localização e preço ajustado às possibilidades do consumidor são duas das características essenciais dos lançamentos no mercado imobiliário atual. Por isso, projetos em regiões mais periféricas, em processo de consolidação, devem predominar até dezembro, na opinião de profissionais da área. "Hoje o mercado tem absorvido mais produtos focados no usuário final, dois e três dormitórios em bairro de padrão médio e médio baixo e até em cidades vizinhas", conta o vice-presidente comercial da imobiliária Abyara Brasil Brokers, Bruno Vivanco. Ele se refere a regiões com preço de metro quadrado entre R$ 6 mil e R$ 8 mil, em média.

O breve lançamento In Parque Belém, da incorporadora Atua, ilustraria essa tendência. Localizado no Belenzinho, o empreendimento terá 11 torres com apartamentos de dois dormitórios, partindo dos 42 m².

Luxo
A situação apertada de 2014 não inviabiliza projetos de altíssimo padrão. Apostando na exclusividade, o Cyrela by Pininfarina teve 45% de suas unidades vendidas para um público restrito, sem sequer chegar ao mercado de varejo - o que pode ocorrer em breve, segundo o diretor de incorporação da Cyrela São Paulo, Piero Cevilla.

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