Por Meon Em Cultura

Peru: joias coloniais e reinos de barro em Trujillo

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Praça de Armas de Trujillo com casarões que datam dos anos 1600

Divulgação/CreativeCommons/javier.losa

Os casarões coloniais ornados com balcões de madeira talhada cercam a Praça de Armas e avisam que Trujillo tem personalidade própria. E forte. O coração da cidade é seguro e agradável para caminhadas e visitas furtivas a um e outro ponto de interesse, como a bela catedral erguida em 1616 e duas vezes reconstruída - a última em 1666 - por causa de terremotos.

Cerca de 200 quilômetros ao sul de Chiclayo, a cidade funciona como ponto de partida para conhecer impressionantes sítios arqueológicos que pertenceram a diferentes culturas pré-incaicas ao longo da história.

Inevitável começar por Chan Chan. Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco desde 1986, ocupa nada menos que 15 quilômetros quadrados em uma região próxima ao mar. A antiga capital do reino Chimú, que se desenvolveu entre os anos 1.100 e 1.470, foi construída com tijolos de adobe - que utilizam areia, terra, pedras e água - e acabou sendo bastante afetada pelas intempéries.

Contudo, o governo tem feito um trabalho sério de restauração, habilitando a visita ao antigo palácio do local, onde ainda é possível ver aposentos reais, paredes ornadas com desenhos em alto relevo e pátios cerimoniais. É interessante notar a importância atribuída ao mar, com diversas imagens que lembram ondas, pelicanos, anchovas e outros animais. Atualmente, outros prédios se encontram em processo de restauro.

Moche 
Não muito longe dali, a 8 quilômetros de Trujillo, ficam as Huacas del Sol e de la Luna. Tratam-se de antigos templos cerimoniais da cultura Moche, que ocupou a região entre os anos 100 a.C. e 800 d.C. - anterior, portanto, aos chimús.

Centro religioso, a Huaca de la Luna está aberta à visitação (10 soles ou R$ 8 por pessoa) e guarda diversas imagens desenhadas em alto e baixo relevo nas paredes. Já a Huaca del Sol segue em processo de investigação por arqueólogos e não pode ser visitada, mas muitos dos objetos encontrados ali podem ser vistos no Museo Huacas de Moche, no mesmo local.

Soberana 
Cerca de 60 quilômetros ao norte está o complexo El Brujo, onde a equipe do arqueólogo Régulo Franco encontrou em 2006 a Dama de Cao. Pela primeira vez, comprovou-se que as mulheres também exerciam o poder nas primeiras civilizações sul-americanas. Seu fardo funerário, depositado em um recinto em que predomina a figura do deus decapitador Ai-apaec, pesava mais de 100 quilos e levou oito meses para ser totalmente aberto. Toda a riqueza ali contida, assim como o corpo preservado (e tatuado) da personagem de mais 1700 anos, estão no Museo Cao.

DONOS DO PEDAÇO
Oásis 
Civilizações diversas começaram a florescer no litoral peruano por volta de 4 mil anos atrás, ao ocupar vales costeiros que funcionaram como oásis em meio a uma das regiões mais secas e desérticas do mundo. Moches e chimús prosperaram ali antes da ocupação inca. 

Moches 
O Señor de Sipán (foto) e a Dama de Cao foram dois dos mais relevantes governantes moches (mochicas), povo que ergueu enormes templos cerimoniais em forma de pirâmide e dominou técnicas de ourivesaria e de olaria, deixando um legado de valor incalculável. Eram devotos de Ai-apaec, deus criador do universo Em sua honra, inimigos eram degolados e seu sangue, bebido e usado para lavar a terra.

Chimús 
Adoradores da Lua, os chimús edificaram uma das maiores urbes de barro à beira-mar de que se tem notícia. Pescadores exímios, registraram nas paredes de seus palácios figuras marinhas e antropomorfas (foto), além de traçados geométricos. Posteriores aos moches, foram os donos do pedaço por cerca de 600 anos, mas acabaram sendo submetidos pelos incas por volta de 1470, meio século antes da chegada de Francisco Pizarro.

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