Fernando Roese: "O exemplo de vida será o maior legado de Daher"

Fernando Roese em ação no Circuito Brasileiro de Masters 

Divulgação

Ele está há um ano e meio em São José dos Campos e tem um currículo marcante no tênis brasileiro. Foram oito anos defendendo o Brasil na Copa Davis de Tênis -principal torneio entre seleções da modalidade-, onde foi semifinalista em 1992. Também conquistou as medalhas de ouro (na simples) e bronze (nas duplas) no Pan-americano de 87 em Indianápolis, nos Estados Unidos.

Todas essas conquistas levaram o gaúcho Fernando Roese a ser o número 81 do ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). Apenas 18 tenistas brasileiros alcançaram a façanha de estar entre os 100 melhores do mundo. Foi o amigo, ex-tenista e empresário, José Amin Daher, morto no dia 13 de janeiro deste ano em um acidente de carro, que o trouxe a São José dos Campos para dar início a um trabalho com atletas de alto rendimento na academia que montou, a Daher Tennis. Em entrevista exclusiva ao Meon, Roese diz que o que Daher fez pelo esporte e para São José dos Campos "vai ficar para sempre".

Quando chegou a São José e como começou esse projeto na Daher Tennis?
Eu cheguei em setembro de 2012, vim depois do convite feito pelo José Amin Daher, já que tínhamos uma amizade muito grande. Fomos parceiros da época de juvenil até o profissional. Ele queria implantar um trabalho de alto rendimento na academia e em uma conversa de amigos, surgiu o convite e foi assim que começou. Vim pra cá, conheci a academia, conheci a cidade e pela nossa amizade e ambição de colocar em prática o segmento de alto rendimento foi que começamos o projeto. Hoje temos em nossa equipe um total de 40 atletas, em uma faixa etária que vai dos 12 aos 27 anos. No profissional, temos a Gabriela Cé, que foi convocada para defender o Brasil na Fed Cup e está entre as quatro melhores do país, além da Eduarda Piaí que está entre as seis principais do Brasil. No infanto-juvenil também temos bons nomes como Alexandre Júlio Corrêa, Johan Valinho e o Rafael Tozetto, que estão na faixa dos 16 anos, mas já jogam a nível nacional.

Por oito anos você defendeu o Brasil na Copa Davis e esteve entre os 100 melhores do ranking ATP. Para você, quais os momentos marcantes da sua carreira?
O que mais marcou foi o fato de conseguir chegar a ser o número 81 do ranking, tanto na simples quanto nas duplas, além dos resultados marcantes, como a semifinal da Copa Davis em 1992 e as medalhas de ouro e bronze conquistadas no Pan de Indianápolis em 87, nos Estados Unidos.

Como você vê o tênis hoje no Brasil?
O tênis está em uma crescente, nós temos uma quantidade grande de torneios infanto-juvenis, muitos torneios profissionais e a Confederação Brasileira de um tempo para cá, junto com um patrocinador forte como os Correios, proporcionam hoje uma melhora em termos de estrutura e de condições para os atletas profissionais e juvenis. Hoje eles podem viajar para torneios em qualquer canto e com um acompanhamento técnico. Agora, é sempre muito difícil o país fazer um tenista número 1 do ranking. No Brasil foram ciclos, nós tivemos a Maria Ester Bueno, o Thomas Koch, o Guga e eu espero que não leve tanto tempo para vir outro. Acho que a meta principal hoje é colocar mais atletas entre os 100 melhores do mundo para daí sim termos uma missão de ter um número 1.

Você conheceu José Amin Daher desde jovem e veio para São José a convite dele. Na sua opinião, qual o legado que Amin Daher deixa para o tênis?
Acho que o primeiro legado que deixa é a academia em si. Toda a estrutura montada como é hoje, com seis quadras, mais de 600 alunos, eu acho que isso com certeza foi um dos pontos mais importante que ele deixou tanto pra cidade quanto para o esporte. Mas acho que o maior legado foi deixar para nós um exemplo de vida, tudo que ele passou, a ambição que o Daher teve, ter o tênis no sangue, criar um segmento mais competitivo e investir no que acreditava, isso vai ficar para sempre.