Alunos

Conto: Parapeito

O grande mal do século, porém, retratada de uma forma diferente: como uma entidade espreitadora

Giovanna dos Santos Reis

Escrito por Giovanna dos Santos Reis

25 ABR 2022 - 17H22 (Atualizada em 12 SET 2023 - 12H30)

Giovanna dos Santos Reis

Em todas as noites era a mesma sensação: desespero, aflição e ansiedade. Tinha algo a observando, a todo momento, mas neste horário o desconforto era ainda maior. Ela sentia uma presença do outro lado da antiga janela escura de seu quarto, algo a espreitando lá a todo momento, a agonia não passava.

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Agatha, uma garota de 17 anos, dizia ser alguém que não sentia medo de nada, mas no fundo ela sabia que aquela presença a apavorava. Já trocou de quarto, casa, rua, bairro e estava cogitando mudar de cidade, mesmo sabendo que a situação continuaria a mesma. Toda esta certeza vinha de sua experiência, pois passará longos anos de sua vida sendo obrigada a lidar sozinha com essa situação apavorante.

De tarde, durante o escurecer, a mesma imagem se repetia: o carro cinzento de seu pai logo abaixo da janela, refletindo a luz alaranjada do pôr do sol e as luzes de seu quarto. Isso a acalmava, era como uma garantia de que nada estava lá. Mesmo que ao se deitar a sensação voltava, tirando toda a sua coragem de olhar para a janela, era só disso que ela precisava, talvez nada disso exista de verdade, mas e se?

Nesta tarde, Agatha seguiu a rotina de fechar a escura janela de seu quarto, com a esperança de mais uma garantia, mas o que viu a deixou paralisada: um vulto, tapando todo o reflexo do carro. Tentou ignorar aquilo, pensou em coisas boas, memórias legais, conversas engraçadas com seus amigos, mas nada disso ajudou, ela estava sendo consumida.

Os olhos vazios da criatura eram como imãs, sendo impossível de ir contra a vontade de encará-los, seus longos braços a abraçavam impossibilitando-a de reagir. Tremendo, Agatha sentiu os finos dedos da entidade adentrando seu peito, trazendo uma falta de ar e um desconforto. Sem conseguir fazer absolutamente nada ela foi obrigada a ficar ali, tremendo, chorando e procurando dentro de sua mente alguma forma de sair dali.

Estava sozinha, não tinha ninguém com ela, irônico, pois acabara de sair com seus amigos, e mesmo assim a sensação de vazio a consumia, sugando suas esperanças, deixando para trás apenas uma coisa: a ansiedade.  

Com supervisão de Yeda Vasconcelos, jornalista do Meon Jovem.




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Giovanna dos Santos Reis
Giovanna dos Santos Reis

2º ano do ensino médio, Colégio Embraer Juarez Wanderley, São José dos Campos

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