Poema: O Grande Nada

Nada…

É isso mesmo que você leu…

Nada…

É até engraçado pensar

Chega a ser meio doido falar

Quem sabe soe esquisito ou,

Talvez, lá no fundo, não faça sentido

Porque para algumas pessoas

O nada… é nada

Uma palavra comum… ouvida rotineiramente

Sem sentido nenhum, dita brevemente…

Mas estou certa de que todos conhecem, essa pequena palavra,

Duas sílabas simples, pronunciadas aos pés da calçada…

Quando passamos perto o bastante para ouvir um:

"Fique tranquilo, não é nada"

Um nada de uma mãe solteira

Abandonada por mais um homem

Que luta pelo pão da mesa

Que esquece de si, que se corrói

Um nada de um menino perdido

Crescendo sozinho, sem carinho

Deixado a mercê do destino

Querendo só um amigo

Um nada de uma mulher negra

Lutando pelos próprios direitos

Sofrendo do preconceito

Daqueles que se acham perfeitos

Um nada de um povo esquecido

Deixado de lado, explicitamente excluído

Que luta para manter a própria cultura

Não deixando os seus sozinhos

Um nada de um jovem ferido

Pela pressão de ser perfeito

Que finge não ter sentimentos

Quando o que mais possui é medos e anseios

Seria até irônico se eu dissesse que a palavra é tanto que chega a ser nada,

Porque se tornou tão normal andar por aí e ouvir:

"É sério, não é nada"

Que talvez se eu me esforçar mais um pouco, posso até criar um conto com um título de…

'"O grande nada"

O nada que me apavora

E que em um instante evapora

Um nada vazio

Um nada sem nexo

Um nada que é nada

Mas que no fundo é bem complexo

Na vida existem tantos nadas…

O nada da dor, o nada do amor

O nada que traz agonia, o nada que conta contos…

E bom, uns incomodam mais que outros

Um nada…

Dito pra poupar saliva

Uma palavra pronunciada para um silêncio

Um nada…

Que é bom, que é ruim,

Um nada que nem é tão pequeno assim,

Um nada... Sem um fim

O grande nada,

4 letras, uma palavra

Absolutamente nada…

O nada que é tudo

Com supervisão de Isabela Sardinha, jornalista do Meon Jovem.