Desde outrora, o fenômeno da pichação é presente nas mais diversas passagens históricas, expressamente notável em uma linhagem do tempo, datada por simbologias e rabiscos nas cavernas, passando pela idade média, intercalando o período de guerras mundiais até a contemporaneidade em que é reconfigurada seu conceito e mostrada ainda mais viva como valor cultural. Tomando-se de exemplo a capital brasileira, São Paulo, uma breve passagem pela metrópole irá mostrar sua abundância de recados, assinaturas e símbolos transcritos sobre paredes de concreto, realizados por grupos sociais, em grande parte pertencentes a juventude, os quais se dedicam a espalhar a tinta de seus sprays conforme maneira de expressão individual e coletiva.
É importante reafirmar que a cultura da pichação atual diz respeito a uma classe oprimida pelas mazelas e desigualdades, não tendo qualquer relação com movimentos elitistas que focam em uma arte refinada. Além de frases escritas em muros e paredes, o ato de pichar significa símbolos de resistência a qualquer tipo de extremismo, dando voz à minoria calada por não ter seu espaço adequado na sociedade estruturada.
A esta matéria não cabe discutir se as pichações e grafites espalhadas pelo mundo afora são sinônimos de vandalismo ou não, mas tem como pretensão levar ao leitor uma reflexão aberta e acompanhada do pensamento livre de sensos comuns sobre o assunto. Concordando ou não, existe uma precisão encarregada de unir ambos pensamentos antagônicos: o efeito de resistir e concretizar momentos pela tinta da latinha de spray, a qual deixa de ser marcada pela simplicidade ao passo que é totalmente complexada em seu uso. Não obstante, a visibilidade do picho carrega consigo valores internacionais, sendo ela empregada dentro de vários países ocidentais e orientais, contudo aportando o mesmo peso cultural, conforme citado pelo ato de exprimir vozes silenciadas. Tais vozes que representam a periferia, a cultura de rua, o povo propriamente dito por sustentar toda cadeia produtiva e que, para não serem meramente esquecidos, criam por si próprios a necessidade de deixarem suas marcas seja elas quais forem, no caso tratado, das simbologias e críticas rabiscadas pelo urbanismo.
Também não cabe fazer uma análise das projeções urbanas sem tratar da estética local, circunstância que adentra a pichação e o grafite tanto nas vielas sem iluminação quanto nos prédios e móveis públicos. A precisão do elemento visual incorporado no ambiente da cidade destaca sua luz interior e, consequentemente, dá vida ao concreto ‘’sem graça’’.
A imagem demonstra o atual Muro de Berlim, localizado na Alemanha, que apresenta grafites e pichações em seus blocos.
Com supervisão de Giovana Colela, jornalista do Meon Jovem.
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