Uma nova espécie de árvore foi identificada no Cerrado mineiro, mais especificamente no município de Luz, em Minas Gerais. A planta, batizada de Eriotheca luzensis, chamou a atenção dos pesquisadores pela aparência distinta e por uma característica rara: sua poliembrionia, fenômeno que permite que suas sementes originen vários embriões idênticos. A descoberta aconteceu de forma inesperada durante uma expedição da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que buscava examinar a Eriotheca pubescens, uma espécie semelhante, mas com uma distribuição geográfica mais ampla.
Foi após uma pausa para o almoço em um restaurante local que os cientistas observaram diferenças morfológicas no porte, frutos e flores da planta, que pareciam ser diferentes de outras árvores da mesma linhagem. As folhas da Eriotheca luzensis são cobertas por tricomas – pequenos pelos translúcidos – e seus frutos possuem uma coloração branca, o que contribui para a beleza da árvore. Com um porte maior e uma produção mais abundante de frutos e flores, ela se destaca não só pela aparência, mas também pelo fato de ser encontrada apenas em áreas restritas do Cerrado.
A pesquisadora Vania Yoshikawa, taxonomista da USP, foi a responsável por confirmar a descoberta. Ela e sua equipe realizaram uma análise detalhada das amostras, comparando as características morfológicas, sementes e aspectos reprodutivos. O estudo revelou que a Eriotheca luzensis é exclusiva do Cerrado de Minas Gerais, uma região ameaçada por desmatamento e queimadas, o que coloca a espécie em risco de extinção.
Além disso, a árvore desempenha um papel ecológico importante, já que suas sementes servem de alimento para várias espécies e suas flores são fundamentais para a polinização de abelhas e outros insetos. A descoberta vem acompanhada da necessidade de políticas de conservação para garantir a preservação dessa nova espécie e de outras que habitam o Cerrado, um dos biomas mais ameaçados do Brasil.
O processo de descrição da Eriotheca luzensis envolveu anos de pesquisa e colaboração entre cientistas de diferentes instituições, culminando em um artigo publicado em 2023 na revista Phytotaxa. A pesquisa reforça a importância de continuar o trabalho de identificação e conservação de espécies nativas para assegurar a preservação da biodiversidade.
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