Brasil

Conflito entre Holanda e China acende alerta no setor automotivo brasileiro

Escassez de chips e semicondutores pode prejudicar produção

Escrito por Meon

24 OUT 2025 - 09H49 (Atualizada em 24 OUT 2025 - 11H25)

Divulgação/Volkswagen

Um impasse diplomático entre Holanda e China pela gestão da fabricante de chips Nexperia acendeu o alerta no setor automotivo brasileiro. O temor é de uma nova crise de falta de semicondutores, que pode interromper a produção de veículos em fábricas no país já nas próximas semanas.

O governo holandês assumiu o controle da Nexperia — empresa de capital chinês — alegando preocupação com a propriedade intelectual. Em resposta, a China passou a restringir a exportação de semicondutores, componentes essenciais para a indústria automotiva e eletrônica mundial.

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a escassez pode gerar paralisações semelhantes às da pandemia, quando linhas de montagem foram interrompidas e houve layoffs e demissões.

“Arrisca parar montadoras no Brasil. Um veículo moderno usa, em média, de 1 mil a 3 mil chips. Sem esses componentes, as fabricantes não conseguem manter a linha de produção em andamento”, afirmou a entidade.

A Anfavea pediu apoio do governo federal para evitar um colapso na cadeia produtiva, lembrando que o setor emprega 1,3 milhão de pessoas no país. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços informou que acompanha a situação e está em diálogo com o setor para minimizar os impactos.

Montadoras instaladas no Brasil também estão em alerta. A Volkswagen já anunciou possíveis paralisações na Alemanha. A Renault, com fábricas em São José dos Pinhais (PR), criou uma unidade de monitoramento e mantém contato com fornecedores. A Hyundai, de Piracicaba (SP), informou que segue “atenta, mas sem risco de interrupção até o momento”.

Empresas como Volvo e BYD também acompanham de perto o cenário. A chinesa BYD, que fabrica veículos na Bahia, afirma que não será afetada por produzir internamente parte dos componentes eletrônicos.

O economista Luiz Carlos Laureano da Rosa, doutor pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), avalia que o problema é global e estrutural, e pode ter reflexos severos sobre o emprego e o PIB nacional.

“A indústria automotiva brasileira é muito dependente da cadeia global de suprimentos. Se faltar peça, as fábricas param, e isso gera demissões em cascata. O país precisa investir em produção nacional de semicondutores para reduzir a dependência externa”, alertou.

Com a crescente tensão entre Europa e China, o Brasil e outros países emergentes buscam alternativas para garantir o abastecimento e evitar que a crise dos chips volte a atingir em cheio a economia e o emprego industrial.

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Por Meon, em Brasil

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