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CPMI do INSS: Carlos Lupi nega participação nas fraudes

Em depoimento, ex-ministro alega não saber dimensão dos desvios

Escrito por Meon

09 SET 2025 - 08H13

Lula Marques/Agência Brasil

O ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, prestou depoimento nesta segunda-feira à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o esquema bilionário de fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Durante sua fala, Lupi negou qualquer envolvimento com o esquema e disse que desconhecia a real dimensão dos desvios até ser informado pelos órgãos de investigação.

1. Ausência de conhecimento da magnitude do esquema

Lupi afirmou que só teve o primeiro conhecimento dos casos em março de 2023, por meio de denúncias recebidas pela Ouvidoria e pela plataforma “Meu INSS”. Ele destacou que, até então, o ministério e o INSS até tentavam agir em cooperação com a Polícia Federal (PF), mas que a verdadeira extensão do esquema só se tornou clara após a atuação decisiva da PF.

“Sou sincero em dizer, talvez minha falha maior tenha sido essa, não dar dimensão ao tamanho do rombo que era isso... Nós tínhamos 5.000 denúncias apresentadas... Agora apareceu um montante, são dezenas, são milhões até. Disso eu não tinha noção, só se foi começar a tomar noção disso a partir de […] a Polícia Federal fazer a investigação...”

2. Tentativas de adoção de medidas, mas sem eficácia

Segundo Lupi, o INSS chegou a editar uma instrução normativa (IN) em 2023 para coibir os descontos indevidos — incluindo medidas como o uso de biometria e bloqueio de débito em lote — mas as ações não surtiram efeito prático para interromper o esquema. 

3. Importância da autonomia técnica do INSS

O ex-ministro ressaltou que o INSS é uma autarquia com autonomia administrativa e política, o que limita a ingerência direta do ministério. Para ele, a responsabilidade pelas apurações e bloqueios caberia ao próprio instituto, e não ao Ministério da Previdência.

4. Colaboração com investigações

Lupi destacou ter colaborado com a PF, inclusive por meio da criação de um grupo de trabalho com a Dataprev — estatal responsável pelo processamento de dados — além de implementar ferramentas de proteção no app "Meu INSS".

5. Saída do cargo sob pressão

Embora tenha alegado não ser alvo de denúncias formais, Lupi disse que decidiu deixar o ministério após enfrentar pressões políticas crescentes para sua saída — especialmente após a repercussão da operação que revelou o esquema de fraudes.

CPMI do INSS

A Operação "Sem Desconto", conduzida pela PF e CGU, revelou em abril de 2025 um esquema de descontos não autorizados que resultou em um prejuízo estimado de R$ 6,3 bilhões, com aproximadamente 4,1 milhões de beneficiários afetados entre 2019 e 2024.

A comissão ainda planeja ouvir outras figuras vinculadas ao caso, como o conhecido lobista "Careca do INSS", Antônio Carlos Camilo Antunes, em 15 de setembro.

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