Qual é o preço do dinheiro? No Brasil, ele é definido pela taxa Selic, que determina os juros básicos da economia e segue no maior patamar em quase 20 anos: 15% ao ano. Esse índice é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, mas seu efeito atinge toda a cadeia econômica — do financiamento de uma casa à tomada de crédito por grandes empresas.
“É um remédio amargo para combater a inflação. A expectativa futura pesa: quando as pessoas esperam alta, os preços acabam subindo”, explica Antonio Sanches, analista da Rico.
Impactos na economia real
Com os juros elevados, o consumo e a produção diminuem. Comprar um carro, financiar um imóvel ou investir em novos negócios fica mais caro e arriscado. Dados da Austin Rating mostram que, desde 2013, os ciclos de alta dos juros sempre resultaram em queda imediata dos investimentos produtivos no país.
Segundo o Banco Central, o juro real brasileiro — descontada a inflação — é de 9,51%, o segundo maior do mundo, atrás apenas da Turquia (12,34%).
“Uma taxa de juros real muito elevada demonstra que as expectativas inflacionárias não estão ancoradas. Isso faz com que, mesmo com inflação em queda, a taxa nominal siga alta”, avalia Jason Vieira, economista-chefe da Lev DTVM.
Estrutura e limitações
Economistas apontam que problemas estruturais explicam os juros elevados: concentração bancária, baixo nível de renda, carga tributária pesada sobre crédito e spreads altos. Soma-se a isso o cenário fiscal, marcado por déficits recorrentes e incertezas políticas.
“O juro elevado é como um termômetro da febre: ele mostra a gravidade do quadro. O Banco Central não tem muita margem de manobra diante da inflação persistente”, observa Márcio Sette Fortes, ex-diretor do BID.
Consequências para empresas e famílias
O efeito é visível. Em julho, o Brasil registrou recorde de 8 milhões de empresas negativadas, sendo 7,6 milhões de micro e pequenas. A inadimplência de pessoas físicas também alcançou o maior nível em quase oito anos.
“Com juros altos, o empreendedor é duplamente penalizado: enfrenta custos elevados e demanda em queda. A tendência é de que o número de empresas inadimplentes cresça até o fim de 2025”, afirma Camila Abdelmalack, economista-chefe da Serasa Experian.
Dinheiro fora da economia real
Parte dos recursos que poderiam estar em consumo e investimento produtivo acabam migrando para o mercado financeiro. “Com juros elevados, sobra menos dinheiro para a economia real e mais para financiar o governo via títulos públicos”, explica Vieira.
A manutenção da Selic em dois dígitos, segundo especialistas, compromete a capacidade do país de acelerar o crescimento econômico, ao mesmo tempo em que mantém o crédito mais restrito e a inadimplência em alta.
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