Entre janeiro e junho de 2025, o México registrou um crescimento de cerca de 420% nas compras de carne bovina do Brasil, passando de 3,1 mil toneladas para 16,1 mil toneladas. Esse movimento fez com que o país ultrapassasse os Estados Unidos como segundo maior destino das exportações brasileiras, ficando atrás apenas da China.
Segundo dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em junho de 2025 o Brasil exportou 241 mil toneladas de carne bovina, com faturamento de aproximadamente US$ 1,3 bilhão. Em relação a julho, a alta acumulada no ano até então já supera os 56%, colaborando para o crescimento global de 3% nas exportações brasileiras.
Motivos da mudança
A virada do México no ranking internacional ocorre em meio a um declínio expressivo nas exportações para os EUA, impulsionado pelas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. Em abril de 2025, os EUA introduziram uma sobretaxa de 10%, e mais tarde anunciam uma exigência de 50% sobre carne bovina brasileira — sem inclusão na lista de isenções.
Em abril, os EUA compraram 44,1 mil toneladas, totalizando US$ 229 milhões. Já em junho, os números despencaram para 13,4 mil toneladas e US$ 75,3 milhões, redução de aproximadamente 67% no volume. Em julho, até o dia 28, os EUA gastaram US$ 68,7 milhões para importar cerca de 12,3 mil toneladas, queda de 70% em relação a abril.
Sob a mesma janela (1.º a 28 de julho), o México desembolsou cerca de US$ 69 milhões — superando os EUA em valor, apesar de volumes semelhantes: 12,1 mil toneladas pelos mexicanos contra 12,3 mil toneladas pelos estadunidenses. A China segue liderando de longe como o maior importador da carne bovina brasileira. Em junho, recebeu 134,4 mil toneladas, correspondendo a cerca de US$ 739,9 milhões, um crescimento de 64% em relação a janeiro.
Entre 1.º e 28 de julho, o país já acumulava cerca de US$ 732 milhões, importando 132 mil toneladas, registrando o segundo maior volume mensal da história brasileira.
Cenário e perspectivas
Tudo indica que a implementação da tarifa de 50% nos EUA a partir de 6 de agosto deve intensificar ainda mais essa realocação de mercados. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) alertou que a medida torna a venda a esse país pouco viável e já deixou 30 mil toneladas retidas no início do ano.
Apesar disso, o setor brasileiro segue ativo em busca de alternativas e negociações diplomáticas visando isenções parciais ou revisões tarifárias junto às autoridades americanas.
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