RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A sombra do ex-governador Sérgio Cabral, preso há quatro anos, ainda recai sobre os principais candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro.
Tanto Eduardo Paes (DEM) quanto Marcelo Crivella (Republicanos), Martha Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT) mantiveram relações políticas com o ex-emedebista. Dos quatro, apenas a petista não foi implicada em delações ou depoimentos já tornados públicos sobre o esquema atribuído ao ex-governador.
O vínculo comum se deve à mega aliança formada por Cabral ao longo de sua gestão que praticamente eliminou opositores de relevância. Em 2010, ele foi reeleito com o apoio de 16 partidos.
Segundo depoimentos do ex-governador e do seu operador financeiro e delator, Carlos Miranda, a aliança política com Paes, Crivella e Martha extrapolaram para uma relação financeira ilegal, em diferente níveis e periodicidade. Os três negam.
Paes foi o mais próximo politicamente de Cabral, bem como o mais implicado em supostos crimes.
A relação política dos dois começou em 2006, quando Paes apoiou Cabral no segundo turno da eleição para o governo estadual. No ano seguinte, foi nomeado secretário de Esportes. Eleito prefeito em 2008, o candidato do DEM manteve uma estreita aliança com Cabral até 2016, quando passou a tentar se afastar da imagem dele.
O ex-deputado Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador, divulgou um vídeo afirmando que Paes sempre fazia festas para os Cabral na residência oficial do prefeito.
Cabral, por sua vez, guarda uma carta em que é chamado por Paes de "amigo querido", a fim de comprovar na Justiça que mantinha relação próxima com o político. O objetivo é reforçar seu acordo de delação com a Polícia Federal que menciona o ex-prefeito.
De acordo com o ex-governador, Paes arrecadou R$ 30 milhões em 2014 via caixa dois para que Cabral distribuísse a candidatos do MDB.
O ex-governador também diz que arrecadou recursos de caixa dois para a campanha de Paes em 2008 e 2012.
Os inquéritos que seriam abertos pela PF com base na delação de Cabral, porém, foram arquivados pelo ministro Dias Toffoli, do STF.
Também foi para atender ao ex-prefeito que Cabral afirma ter pago US$ 1,5 milhão a Crivella. Ele diz que o valor foi para que o bispo licenciado da Igreja Universal apoiasse Paes no segundo turno da eleição de 2008 contra o ex-deputado Fernando Gabeira. Crivella se tornou aliado do grupo do ex-emedebista até 2014, quando disputou contra o ex-governador Luiz Fernando Pezão (MDB).
Martha Rocha não foi citada diretamente por Cabral, mas por Carlos Miranda, que fechou acordo de delação com o Ministério Público Federal. Ele afirmou que a ex-delegada recebeu R$ 300 mil via caixa dois para a campanha de deputada estadual em 2014. Ele não deu detalhes. Ela foi chefe de Polícia Civil por três anos de Cabral.
Benedita, por sua vez, ocupou a Secretaria de Assistência Social entre 2007 e 2010. Ela não foi mencionada nos anexos iniciais da delação de Cabral ou Miranda.
Paes não comentou sua relação com o ex-governador. Em falas anteriores, afirmou que manteve uma aliança apenas política com Cabral.
Crivella negou ter recebido qualquer recurso ilegal de Cabral. "Diante de Deus quero afirmar que jamais venderia os interesses das pessoas, do povo, para ganhar vantagens pessoais", disse o prefeito.
Martha "nega, com veemência, que tenha utilizado recurso não contabilizado em suas campanhas".
Em sabatina, Benedita disse que a aliança com Cabral rendeu frutos para a população, e que não tem relação com os problemas judiciais do ex-governador.
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