O ex-superintendente de construção da Eletronuclear José Eduardo Costa Mattos negou em depoimento à Polícia Federal ter recebido propina da Andrade Gutierrez sobre as obras da Usina de Angra 3. Costa Mattos foi preso na Operação Pripyat, deflagrada em 6 de julho, que mirou em pagamentos da vantagens ilícitas a ex-dirigentes da subsidiária da Eletrobras pela empreiteira, via empresas intermediárias.
Investigação do Ministério Público Federal aponta que José Eduardo Costa Mattos recebeu até R$ 2,4 milhões em propina. À Polícia Federal, Costa Mattos afirmou que o executivo Gustavo Botelho, da Andrade Gutierrez, "não ofereceu nem realizou qualquer pagamento de propina" sobre as obras de Angra 3.
"Não tem conhecimento de 'compromissos atrasados' cobrados de Gustavo Botelho ou da Andrade Gutierrez, além da cobrança da devida execução das obras; que não encontrou Gustavo Botelho no Starbucks do edifício Argentina, na praia de Botafogo, em 2013; que nega ter recebido qualquer envelope de Gustavo Botelho em tal situação", declarou.
Costa Mattos, engenheiro de construções, afirmou ter trabalhado como superintendente de construção na Eletronuclear entre outubro de 2010 e 4 de maio deste ano. O executivo contou que antes foi gerente de obras de Angra, subordinado de Empreendimentos da Eletronuclear, que tinha como superintendente à época Luiz Manuel Messias - também preso na Operação Pripyat.
Costa Mattos contou que "não houve nenhuma indicação política para esses cargos" e que era técnico na empresa há 40 anos. O executivo afirmou ter participado das negociações para a retomada das obras de Angra 3.
"Não tem conhecimento acerca do pagamento de propina nas obras de Angra 3, tanto nas obras civis como na montagem eletromecânica", disse Costa Mattos, que também negou ter recebido propina "de qualquer pessoa da Andrade Gutierrez para a realização das obras" da usina.
O ex-superintendente foi questionado pela PF sobre sua relação com as empresas CGImpex, JNobre, VW Refrigeração e Flexsystem, suspeitas de intermediarem propinas aos ex-dirigentes da Eletronuclear. Costa Mattos disse que conheceu o dono da Flexsystem, mas não manteve qualquer relação com ele.
"Conhece a empresa VW Refrigeração; que os sócios da VW Refrigeração são conhecidos do interrogando, Marco Aurélio Vianna e Marco Aurélio Barreto; que Marco Aurélio Barreto é primo de sua esposa, sendo Marco Aurélio Vianna tio de sua esposa; que mantém relação familiar com os mesmos, mas não tem nenhuma relação profissional com os mesmos", declarou em seu depoimento.
Costa Mattos afirmou que "soube que a VW Refrigeração presta serviços à Eletronuclear em razão de um pregão eletrônico que teriam vencido em 2014 ou 2015". "Contudo sempre manteve distância de assuntos profissionais com a VW Refrigeração exatamente para evitar contaminação", disse.
"Nem Marco Aurélio Vianna nem Marco Aurélio Barreto pagaram ou intermediaram o pagamento de propina ao interrogando a pedido da Andrade Gutierrez; que não prestou nenhum tipo de orientação a Marco Aurélio Barreto e Marco Aurélio Vianna em suas atividades profissionais, salvo no período em que foi sócio dos mesmos entre 2005 e 2009 aproximadamente na empresa Integral Soluções de Engenharia."
O ex-superintendente relatou que a Integral Soluções não chegou a ter qualquer contrato. "Soube que a VW Engenharia estava prestando alguns serviços à Andrade Gutierrez em outubro/2010; que a área em que a VW trabalhava não era diretamente submetida a fiscalização da Eletronuclear: faziam a manutenção da fábrica de gelo da Andrade Gutierrez dentro de Angra 3", consta em seu depoimento.
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