BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - Armin Laschet, 59, foi eleito neste sábado (16) o novo líder do principal partido da Alemanha, a CDU (União Democrata Cristã), da atual premiê, Angela Merkel. O resultado mostra que o partido quer seguir os rumos impostos pela chanceler, de centro, com eventuais concessões aos mais conservadores ou mais progressistas.
Atual primeiro-ministro do mais populoso estado alemão, Renânia do Norte-Vestfália, Laschet não era o candidato preferido dos 1.001 delegados do partido, de acordo com pesquisas recentes, mas foi beneficiado pelo sistema de dois turnos. Ele derrotou o conservador Friedrich Merz por 521 votos a 466, em votação online e secreta. No primeiro turno, ele havia ficado em segundo lugar, com 380 votos, logo atrás de Merz, com 385.
O ex-ministro do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, terceiro candidato que defendia uma linha relativamente mais progressista para o partido liberal de centro-direita, ficou em terceiro lugar, com 224 votos.
A disputa interna ganhou importância neste ano porque afeta não só os rumos do partido como também os da própria política da Alemanha. Após 16 anos no poder, Merkel não concorrerá a novo mandato, e o que está em jogo agora é a disputa pela sua sucessão, nas eleições parlamentares de setembro.
Ser escolhido líder do partido costuma garantir cacife para a indicação como candidato, mas, neste ano, a situação está bastante indefinida. Nem Laschet nem seus outros dois concorrentes pela liderança da CDU são populares entre o eleitorado, o que pode colocar no páreo dois outros concorrentes.
O mais próximo de Laschet é o atual ministro da Saúde, Jens Spahn, que o apoiou na eleição interna. O preferido dos eleitores é o premiê da Baviera, Markus Söder, que assistiu à disputa deste sábado da arquibancada: ele é líder de outro partido, a CSU, irmã menor da CDU. Os dois também seguiram uma política mais próxima da da atual chanceler se forem escolhidos para o seu lugar.
A CDU, que até hoje governou o país em 24 dos 31 anos desde a unificação alemã, é um partido guarda-chuva, sob o qual se abrigam liberais, cristãos conservadores, conservadores radicais e centristas urbanos mais progressistas.
Merkel funcionava como uma liga entre as diferentes facções e como um imã para eleitores de todas essas matizes. Nas eleições de 2013, quase obteve a maioria dos votos no país, que lhe permitiria governar até mesmo sem uma coalização.
O estilo da chanceler, de adiar decisões até que um consenso se forme, foi importante para mantê-la numa posição de centro sem desgastar demais as alas mais conservadoras ou progressistas do partido.
"Merkel nunca se envolveu em políticas de 'guerra cultural', recusando-se a usar conflitos sobre valores e crenças para angariar apoio entre partidários leais e dividir eleitorados", escrevem os analistas.
Jornalista, Laschet é um católico de centro que, na gestão à frente da Renânia do Norte-Vestfália, assumiu a proteção da indústria como prioridade. Sua gestão da pandemia, que na Alemanha é competência estadual, foi porém mal avaliada pelos residentes do estado. As chances do candidato na disputa interna foram ajudadas nesta semana pelo endosso de cinco líderes partidários do leste e oeste do país.
No congresso deste sábado, ele se apresentou com um político com "a capacidade de unificar". Em pronunciamento online feito aos delegados, disse que permanecer no centro da sociedade era o único caminho para manter a força. "Devemos garantir que este centro continue a ter fé em nós."
Com Merz, um advogado corporativo milionário, como seu principal adversário, Laschet também ressaltou em seu discurso sua origem trabalhadora: seu pai trabalhava em minas de carvão.
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