A defesa do médico apontado como mandante do assassinato da vendedora Jaqueline Barros Vanderlei, ocorrido no dia 8 em uma loja de móveis de alto padrão em São José dos Campos, contesta a versão dos investigadores sobre o crime e acusa a Polícia Civil de ignorar supostas ameaças sofridas pelo seu cliente.
O médico é ex-marido da vendedora e, segundo a DIG (Delegacia de Investigações Gerais), teria encomendado a morte da vítima por R$ 7.000. Ele foi preso nesta terça-feira (16) junto com outras duas pessoas acusadas de participação no crime: sua namorada e uma mulher flagrada por câmeras de segurança andando junto com o atirador minutos antes do crime. A polícia ainda procura o autor dos disparos que mataram a vendedora e a namorada dele, que também teria envolvimento com o caso.
Em entrevista ao Meon, o advogado Cristiano Jhoukadar disse que seu cliente "não tinha nenhum contato" com Jaqueline. A vendedora e o ex-marido travavam uma disputa na Justiça por pagamento de pensão.
“Ele [acusado] estava aguardando a decisão judicial. Não tinha nenhum contato com ela [Jaqueline]. Não há nenhum histórico de ameaça dele para ela, nenhum registro de ocorrência", disse Jhoukadar. "Ele nega totalmente a participação no crime”, completou.
Ex-marido de Jaqueline Barros é acusado de encomendar a morte da vendedora por R$ 7.000
Divulgação/Polícia Civil
Investigações
Segundo o advogado, seu cliente "vinha sofrendo ameaças de pessoas cobrando o pagamento de dívidas" que teriam sido feitas por Jaqueline. "Ele tem provas dessas ameaças", declarou.
Jhoukadar sustenta que as supostas ameaças prosseguiram no dia em que o médico foi internado no Hospital Municipal de São José com um ferimento por tiro na altura do abdômen --o ex-marido de Jaqueline alegou na ocasião que sofreu uma tentativa de assalto no quintal da própria casa, mas que resistiu e acabou baleado; os ladrões teriam fugido sem levar nada.
“No dia em que ele sofreu o disparo, teve duas pessoas no hospital procurando por ele. Ele foi intimidado dentro do hospital, na presença de funcionários do hospital”, disse.
Ainda segundo o advogado de defesa, seu cliente manifestou espontaneamente o desejo de falar à Polícia Civil em três oportunidades antes de ser preso, mas os investigadores teriam se recusado a registrar o depoimento em todas elas.
“Eu relatei esse caso diante das ameaças que ele estava sofrendo e a polícia ignorou. A polícia se recusou a registrar a ocorrência e tomar qualquer providência”, afirmou. “Ele [o acusado] tentou por três vezes ser ouvido na delegacia, e a polícia não quis ouvi-lo nas três oportunidades.”
'Linchamento moral'
Na segunda-feira (15), o médico compareceu à DIG para depor, mas se negou a falar ao descobrir que o depoimento seria gravado.
“A preocupação com a gravação era quanto à uma possível divulgação dessas imagens. Tem gente que vaza informação, vocês sabem disso. Aí fica um vídeo dele circulando, editam as falas, o contexto da conversa, e fica isso circulando em WhatsApp e Facebook”, disse Jhoukadar.
“Por que precisa ser um linchamento moral desse? Por que a preocupação da polícia em expô-lo dessa forma, já como culpado de um crime sem julgamento? Por que essa recusa em ouvi-lo, em apurar essas ameaças que ele recebeu? A polícia não está investigando a verdade. A polícia está procurando confirmar uma tese que formulou antes de procurar provas.”
Jhoudakar afirmou que ainda está avaliando os próximos passos da defesa e evitou antecipar qualquer medida. “Essa fase é inquisitiva, não há contraditório. Sob o ponto de vista técnico, é uma fase complicada de se trabalhar. A gente está avaliando as alternativas ainda, quais medidas iremos adotar”, concluiu.
O médico está preso na Cadeia Pública de Caçapava.
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