Por Meon Em RMVale

Em um mês, uma tonelada de lixo é recolhida de praias do Litoral Norte

Segundo especialista, falta planejamento público em redução de lixo nos municípios litorâneos

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Integrantes do Instituto Argonauta em operação de limpeza das praias do Litoral 

Reprodução/Instituto Argonauta 

Enquanto o litoral nordestino sofre com as manchas de óleo desde 2 de setembro, as praias do Litoral Norte de São Paulo passam por outro problema: a destinação incorreta do lixo. Nos últimos quatros anos, o Instituto Argonauta já recolheu mais de 33 toneladas de resíduos nas praias das quatro cidades litorâneas. Apenas em setembro deste ano foi 1,1 tonelada de lixo.

O compilado consta no Boletim do Lixo, monitoramento mensal feito pelo instituto e que abrange 132 praias do Litoral Norte. O relatório é realizada há quatro anos -- nesse período mais de 33 toneladas de lixo já foram recolhidas. De acordo com o Instituto Argonauta, 70% dos produtos encontrados são fragmentos de plástico maleável ou plástico duro, entre eles, sacolas, embalagens, bitucas de cigarro, copos, talheres e pratos descartáveis, canudos, garrafas pet, tampas de garrafa pneus e itens não identificados.

A bióloga responsável pelo estudo, Natalia Della Fina, informa que ainda não é possível precisar a origem desses resíduos. Mas, segundo ela, existem alguns indicativos.

“Pesquisas apontam que 80% do lixo do mar é de origem terrestre. Apesar disso, é difícil de afirmar de onde eles vêm exatamente, mas dependendo do estágio de decomposição ou incrustação é possível ter uma ideia. Por exemplo, quando chove muitos materiais vêm dos rios, já quando há ressaca esses itens também chegam até as praias”, disse.

Além de prejudicar a estética e, consequentemente, o turismo local a bióloga chama atenção para o impacto à vida marinha. “Dizer o quanto desse lixo está interferindo não dá para falar, mas encontramos muitos animais em interação com esses resíduos. Tartarugas e aves ingerem esses lixos e acabam morrendo em alguns casos”, informa.

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Para o especialista em ecologia marinha e gerenciamento costeiro do Instituto Oceanográfico da USP (Universidade de São Paulo), Alexander Turra, o problema é bastante complexo e no Litoral Norte deve ser abordado de forma específica em cada um dos locais.

Turra cita que nessa região há dois extremos: a poluição difusa, que é o resíduo jogado nas vias, estradas e praças e que chegam até o mar através dos rios, além da  ocupação irregular de áreas de preservação permanente ou de parque, onde não podem ter coleta de lixo e que normalmente estão próximas das costeiras.

“O combate a isso passa por um ordenamento do uso e ocupação de solo e, por outro lado, a distribuição de renda do país, que faz haver desigualdades e famílias em situação de pobreza ocuparem essas áreas não passíveis de ocupação. E com caminhos mais apropriados para o lixo é preciso proporcionar soluções de diminuição desse resíduo. No Litoral Norte não há aterros e os municípios precisam trabalhar em estratégias de economia circular que envolva, por exemplo, reciclagem de materiais plásticos”, explicou.

O especialista ressalta ainda que não é o bastante focar apenas em leis que vetam o uso de canudinhos plásticos. Na RMVale, Ilhabela, Pindamonhangaba, Jacareí sancionaram leis desse tipo.

“Os municípios preferem banir o canudo a olhar o problema mais sistêmico, que depende de uma visão de futuro e estratégia de combate, e fornecer caminhos para que a quantidade de resíduos gerados seja menor cada vez mais e reduza a chance de esses resíduos chegarem até o mar”, enfatizou.

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