Uma moradora de São José dos Campos, que estava internada em estado grave num hospital da capital com Covid-19, morreu no dia 10 de março, cinco dias após o parto da filha. Segundo a família, Vanessa Oliveira Silverio de 33 anos, passou por uma cesárea de emergência e não resistiu à doença.
Em entrevista ao Portal Meon, o marido de Vanessa, Douglas Silverio, que se recupera da Covid, contou que ela começou a passar mal no dia 23 de fevereiro, reclamando de enjoo, que seria normal para uma grávida. Ele conta que a médica então receitou medicamentos, mas depois ela piorou e passou a tossir muito.
" No dia 26 ela fez o exame pra Covid e testou positivo na hora, ela foi no posto de saúde do SUS. Deram alguns remédios, ela ficou com muito medo, disse que iam ter que tirar a Maria Helena dela porque estava com Covid, essa foi a preocupação dela, sabia que não tinha tratamento para grávida. Isso foi numa sexta, domingo ela já piorou, foi pro hospital, fizeram exame nela, tava tudo certo até então e prosseguiram com medicamento. Na segunda-feira ela piorou, disse que não aguentava mais, fomos para o hospital eu e ela, eu também tava ruim. Só que pra mim falaram que podia tratar em casa e o dela já não liberaram."
O casal não conseguiu uma vaga em uma UTI Neonatal em São José dos Campos, para que fosse realizado o parto prematuro da Vanessa, com 34 semanas. No dia seguinte, 2 de março, o convênio conseguiu uma vaga em um hospital em São Paulo, para onde ela foi levada.
"Não deixaram eu conversar com ela lá, mas eu consegui me despedir dela de longe, me mandou mensagem por WhatsApp e nisso já avisaram ela, que como ia para UTI não podia ter nenhum pertence lá e pegaram todas as coisas dela e entregaram pra mim. Eu voltei de São Paulo, aí no dia 4 era o meu aniversário, eu fiquei triste porque ela sempre gostou de comemorar isso, e no dia 5, logo depois do meu aniversário o hospital entrou em contato comigo pedindo todos os exames dela e a enfermeira me respondeu: - Na hora que nascer eu te aviso! Fui pego de surpresa sabendo que a minha filha ia nascer."
A bebê, nasceu no mesmo dia, 5 de março, está bem e segue internada em observação para ganhar peso. Segundo o pai, ela testou negativo para a Covid.
" Me avisaram que o parto foi um sucesso, que a mãe ia voltar para a UTI e amanhã iam me dar o boletim. Falei tá bom. Só que eu piorei, fiquei internado também pra tratar a Covid. Fiquei ligando para o hospital para saber o boletim médico da minha esposa e da minha filha, e os médicos diziam que era um estado grave, mas que ela estava estável, que ela tinha pressão alta, pressão baixa mas a oxigenação estava indo como esperado, ela ficou o tempo todo sedada. Eu tinha esperança que ela ia melhorar. No dia 10, pediram para um parente ir até o hospital pra conversar e tinha que ser pessoalmente, eu expliquei que estava internado. Chegando lá a minha irmã já me ligou para dar a notícia, dizendo que ela não tinha resistido, que tinha tomado conta dela."
Além da filha recém-nascida e o marido, Vanessa deixou ainda dois filhos pequenos.
"Você presenciar uma criança enterrando a sua mãe, é uma cena surreal, não tenho outra palavra. Uma criança de 2 anos e de 5 anos dando tchau para uma mãe num caixão fechado, não pude nem velar ela, veio lacrado de São Paulo, não tem como descrever essa cena", desabafa.
Em uma rede social, Douglas Silverio também postou homenagens à mulher e reforçou a mensagem que serve de alerta para todos nós.
"Ajude na conscientização para que não tenhamos mais crianças tendo que se despedir de suas mães", disse emocionado.
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