Em São José, Alckmin diz: "não vamos tirar um litro de água do Paraíba"

Geraldo Alckmin fala sobre Rio Paraíba do Sul durante evento em São José

Flávio Pereira/Meon

Às vésperas de uma nova reunião entre a ANA (Agência Nacional de Águas) e os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, prevista para a próxima sexta-feira (27) na capital fluminense para resolver o impasse da obra de interligação da Bacia do Rio Paraíba do Sul com o Sistema Cantareira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, reafirmou que o projeto não vai trazer prejuízo para a região.

"Em São Paulo nós tratamos o esgoto, a água é limpa, o Paraíba se recuperou e vai limpo para o Rio de Janeiro, que retira cerca de 170 metros cúbicos de água por segundo em Barra do Piraí, não para consumo mas para gerar energia. Para isso, desviam dois terços das águas do Paraíba para o Rio Guandú, isso se chama de transposição. Eles (RJ) tiram mais da metade da água para gerar energia e deixam um terço apenas no próprio rio que deságua em Campos do Goytacazes. São Paulo não vai tirar um litro de água do Paraíba, não faremos transposição, queremos interligar duas represas", disse Alckmin, após participar de uma série de eventos em São José dos Campos, na última sexta-feira (20).

Silêncio
Em 30 de maio de 2014, na mesma semana que em o MPF do Rio de Janeiro protocolou na justiça a ação contra o governo de São Paulo pela obra de transposição do Rio Paraíba, Alckmin esteve em São Luiz do Paraitinga, para a reinauguração da Matriz da cidade. Questionado pela imprensa, não quis comentar o assunto. "Nem existe transposição", disse o governador naquele dia.

A ação movida pelo MPF de Campos (RJ) pede que o governo de São Paulo garanta tecnicamente que a obra, que o órgão classifica no processo como transposição, não prejudique o abastecimento no Rio de Janeiro.

Economia
A Ceivap, ANA e ONS (Operadora Nacional do Sistema Elétrico), apontam que a reserva de água nas represas da RMVale deve atingir menos de 5% de capacidade até novembro de 2014. Apesar da estiagem não prejudicar o abastecimento neste ano na região, especialistas alertam que podemos viver um racionamento em 2015. "Ano que vem, mesmo que chova todo o esperado para um verão normal, os reservatórios vão ter cerca de 35% em abril. Aí, se durante o calor não forem feitas campanhas para diminuir o consumo, vai faltar água na região", afirma o geólogo e especialista em recursos hídricos, Edilson de Paula Andrade.

Questionado sobre o risco, Alckmin diz que não vai estender as campanhas e ações para o consumo consciente, como a bonificação na conta de água,  para a RMVale em 2014. 

Outras medidas
Para tentar evitar que a crise hídrica se agrave, a ANA, por orientação do Ceivap (Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul), emitiu no começou de junho, a resolução 700/2014, que autoriza a diminuição na vazão do Rio Paraíba do Sul na barragem de Santa Cecília, em Barra do Piraí (RJ), de 190 metros cúbicos por segundo para 173 metros cúbicos por segundo.

A medida prevista para acontecer até o final de junho, está sendo avaliada semanalmente pela ANA, que deve diminuir ainda mais a vazão até novembro. "Quando você tem a redução da vazão na barragem de Santa Cecília, é preciso fazer um monitoramento da estação de tratamento no Rio de Janeiro,  para ver até que ponto é possível pegar água sem tantos detritos de esgoto, que são jogados diretamente no rio Guandú. Enquanto der para baixar sem prejudicar este processo, a ANA e a Ceivap, vão baixar a vazão para tentar preservar os nossos reservatórios", detalha Andrade, que também faz parte do grupo de operação dos reservatórios da Ceivap.