Por Ana Lígia Dal Bello e Gabriel Campoy Em RMVale Atualizada em 01 OUT 2021 - 20H43

Vídeo: “Não somos criminosos”: em ato, moradores da Santa Cruz pedem respeito, infraestrutura e menos violência

Eles afirmam que a abordagem policial ficou mais intensa após atos isolados de vandalismo e que não são bandidos


Moradores da comunidade Santa Cruz, na região central de São José dos Campos, se reuniram na quadra esportiva do bairro nesta sexta-feira (1º), por volta das 17h, para, segundo eles, mostrar que não têm relação com os atos de vandalismo praticados no dia 13 do mês passado. Após a concentração, eles se dirigiram à Avenida Nelson D'Ávila e distribuíram flores aos pedestres.

Eles também aproveitam a ocasião para pedir menos repressão policial, assim como respeito e infraestrutura do poder público. A reportagem do Portal Meon esteve no local e ouviu moradores. 

Gabriel Campoy
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“Não somos criminosos”: em ato, moradores da Santa Cruz pedem respeito, infraestrutura e menos violência


“A favela vem evoluindo e de forma muito consistente, vem mudando seu perfil. Esse ato é para realmente provar e chamar a atenção das autoridades para atrair políticas públicas para a favela Santa Cruz. Não é possível que um lugar já tenha mais de cinco anos sem nenhum investimento público, um tijolo da prefeitura dentro do nosso bairro”, afirma JB Magalhães, artista, escritor e morador do local.

Os moradores relatam que a repressão policial aumentou após a noite em que um grupo ateou fogo na Avenida Fundo do Vale, entre outros atos violentos. Segundo eles, é fácil generalizar e confundir moradores com bandidos.

Gabriel Campoy
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“Não somos criminosos”: em ato, moradores da Santa Cruz pedem respeito, infraestrutura e menos violência


“A abordagem (policial) é comum, a gente está acostumado a conviver com abordagem, o problema é a truculência. Você tá saindo de casa, ouve um ‘opa, pera aí, mostra o documento’, isso é ok; mas depois (do dia 13) é só porrada, ‘você não vai passar por aqui, dá a volta’”, relata José Ramos, outro morador.

“Tem pessoas que vivem desse pequeno comércio, de vender mantimentos. Mandaram fechar, (agora) ninguém trabalha, ninguém sai na rua”, diz Ramos, que afirma que a comunidade ficou refém daquele fato isolado.

Gabriel Campoy
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“Não somos criminosos”: em ato, moradores da Santa Cruz pedem respeito, infraestrutura e menos violência


“A comunidade ficou taxada como violenta, lugar onde que só tem bandido, vagabundo, só que posso garantir para você que mais de 90% do pessoal aqui é gente de bem, trabalhadora também. A única coisa que a gente pede de verdade é que os órgãos públicos olhem para a comunidade do jeito que ela precisa ser olhada, não adianta só ver o pessoal aqui com olhar de maldade”.

Eles também enfrentam o julgamento de parte da sociedade. “Pelo fato de aqui se chamar favela, acho que as pessoas de fora julgam de maneira muito errada, teriam que vir aqui. Antes de falar, teriam que conhecer o nosso dia a dia. Aqui tem trabalhador, tem estudante, tem comerciante”, afirma a moradora Caroline Souza.

Infraestrutura

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“Não somos criminosos”: em ato, moradores da Santa Cruz pedem respeito, infraestrutura e menos violência


Em 2020, na comunidade Santa Cruz, a Prefeitura de São José dos Campos executou a pintura geral, troca de alambrado e da rede de teto na quadra de esportes, além de reforma do playground.

Naquele mesmo ano, a 31ª Unidade Básica de Saúde da cidade a trabalhar no modelo de UBS Resolve foi entregue em maio, beneficiando quase 8 mil pacientes da região central, inclusive os da Santa Cruz 1 e 2.

Um ano antes, 2019, voluntários parceiros da prefeitura, da Companhia Cultural Velhus Novatus, levaram oficinas de brinquedos e do Bate Lata, de musicalização e percussão, e do Bate Lata (musicalização/percussão) e de brinquedos à Santa Cruz. Além das oficinas, o público rotativo também assistiu às apresentações de teatro, dança, canto coral e jogo de capoeira.

Naquele mesmo ano, o projeto Ruas de Lazer também esteve no bairro, com atividades que incluíram dominó, damas, cai não cai, pula pirata, jogos de lona (no chão), jogos de encaixar, polibol, quebra-cabeça, minivôlei, minibasquete, futsal, pintura de rosto, pintura com tinta guache, brincadeiras com cordas e bambolês, chinelão, perna de pau, ping-pong e jogos gigantes (dominó e jogo da velha).

As brincadeiras foram promovidas para estimular a participação dos moradores do bairro.

A Polícia Militar não retornou o contato até o fechamento da matéria.

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