Por Meon Em RMVale

Crescer ou desaparecer. Qual o futuro das empresas do setor aeronáutico após fusão da Embraer-Boeing?

Em debate realizado em São José, lideranças apontam desafios e caminhos

O futuro da cadeia produtiva da Embraer é bastante promissor, mas nem todas as empresas vão conseguir chegar lá. Essa é principal conclusão do debate realizado na Assecre (Associação dos Empresários do Chácaras Reunidas), em São José dos Campos, na noite desta segunda-feira (8).

O evento contou com a participação do atual presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva; do secretário de Inovação e Desenvolvimento Econômico de São José, Alberto Alves Marques Filho, o Mano; e do coordenador da Assecre, Eduardo Piloto.

Os três foram unânimes em ressaltar as competências da indústria aeronáutica nacional, a necessidade de os empresários estarem abertos a parcerias para atender as demandas da Boeing e a urgência de uma movimentação política --em âmbito federal, principalmente-- para incentivar o crescimento do setor.

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“Eu vejo um interesse muito grande [da Boeing] em procurar fornecedores no Brasil. A Boeing entende que nós temos essa capacidade porque a Embraer faz bem os seus aviões. Vai depender de como essas conversas vão acontecer, o que a Boeing efetivamente vai querer trazer para o Brasil, das competências que existem e de quanto vocês, empresários, poderão atender essas necessidades”, disse Paulo César.

“É normal que uma ou outra empresa não consiga. Isso é da vida empresarial, é do negócio, mas que oportunidade vai existir mais do que existe hoje, isso eu garanto pra vocês”, completou o CEO da Embraer.

Mano concorda e destaca que os empresários terão que estar abertos a discutir parcerias e até mesmo fusões. “A grande questão colocada é se os fornecedores vão conseguir, de uma maneira ou de outra, se juntar,  receber fornecedores da Boeing e fazer parcerias. Algumas aquisições vão acontecer, isso é natural. Outras joints ventures vão acontecer para mirar mercados, não só aqui, mas pra fora também.”

Segundo o secretário, junto com os fornecedores tradicionais da Boeing, será possível traçar um percurso de crescimento profissional das empresas nacionais.  “Claro que isso envolve estabilidade econômica, financiamento, inovação [...] mas tudo indica que as orientações da equipe econômica apontam para um cenário de estabilidade, de arrumar a casa para um crescimento sustentável”, disse  Mano.

Eduardo Piloto destacou ainda a necessidade da criação de um plano de apoio às pequenas empresas, com envolvimento do  Parque Tecnológico e instituições como o ITA, Fatec e Senai, entre outras.

O empresário Francisco Redondo, diretor da Fesmo - Foto: Pedro Ivo Prates/Meon
Temos um custo muito alto, e o normal é que a Boeing compre peças lá fora. É inviável para ela, não tem porque comprar aqui

Francisco Redondo Diretor da Fesmo

“A nossa preocupação é com os empresários que tem 30, 50 ou 80 funcionários. A única maneira para mais gente se salvar é se juntar e crescer fazendo junto. O nosso papel é conversar com Embraer, com o Parque Tecnológico, com o ITA, temos que criar um programa para compartilhar conhecimento e buscar financiamento”, disse o coordenador da Assecre.

Carga tributária

 Com o tema “Jatos Regionais, fornecedores mundiais”, o debate organizado pela Invoz (Associação para Promoção Integrada da Cultura, da Educação e do Empreendedorismo) reuniu dezenas de pequenos e médios empresários no auditório da Assecre.  No entanto, nem todos estavam otimistas com o futuro da cadeia produtiva do setor aeronáutico.

O empresário Francisco Redondo, diretor da Fesmo, indústria fundada em São José que completa 50 anos, disse estar cético com relação à Boeing comprar peças no Brasil.

 “Temos um custo muito alto, e o normal é que a Boeing compre peças lá fora. É inviável para ela, não tem porque comprar aqui. A empresa nacional nunca foi competitiva por conta da carga tributária em cima dos produtos industrializados”, disse Redondo ao Meon. Segundo ele, em uma pequena ou média empresa no Brasil, os impostos incorporados ao produto representam entre 30% e 45% do faturamento bruto.

Dois deputados estaduais da região assistiram ao debate: Leticia Aguiar (PSL) e Sérgio Victor (Novo).

Ao final do evento, Leticia disse que pode ser uma ponte entre os empresários da região e o governo federal. "Já estamos em tratativas para uma audiência com o ministro Paulo Guedes para, justamente, levar até ele a importância da cadeia produtiva do setor aeronáutico para a nossa região e para o país, da redução da burocracia, da abertura  do mercado para novas indústrias e, claro, da redução da carga tributária, que hoje é tão pesada em cima do empresário", em entrevista ao final do debate.

O deputado Sérgio Victor (Novo) disse que vai articular ferramentas do Estado em prol das empresas do setor aero. "O Estado tem várias ferramentas que podem ajudar. Como membro da Comissão de Ciência e Tecnologia [da Assembleia Legislativa], a gente vai discutir com as faculdades a questão da capacitação; temos também ferramentas de fomento, como a Fapesp e o Desenvolve São Paulo, que podem ajudar com acesso a crédito e investimento. Em conjunto com as empresas, temos que trabalhar num ambiente de negócio mais favorável, podemos discutir incentivos fiscais, investimentos em infraestrutura e legislação", disse ao Meon.

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