“De doce já basta a vida”

Flor de lúpulo, ingrediente das cervejas IPA

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Parece que o brasileiro está levando essa expressão a “ferro e fogo”.

Nos últimos anos, a procura por cervejas mais amargas aumentou consideravelmente. O paladar adocicado das pessoas que nasceram nos anos 1980, 1990, está mudando. Para os que procuravam por Weissbier, cerveja alemã de trigo, ou pelas belgas, que conferem notas mais adocicadas, hoje, estão atrás das IPA.

É incrível, mas está cada vez mais enlouquecedora a demanda por esse estilo de cerveja nos bares e lojas especializadas. Às vezes, até parecendo viciados à procura de sua droga.

Mas o que é IPA? IPA é a abreviação de India Pale Ale, um estilo de cerveja que surgiu no século XIX durante a colonização da Índia pelos ingleses. Para resistir às viagens para a colônia, que duravam meses, e sob um forte calor, os britânicos decidiram aumentar a dose de lúpulo, que além de aromatizante, a planta tem propriedades bactericidas, e o teor alcoólico, para atuarem como conservante natural, para que suas Pale Ale chegassem inteiras ao destino.

Os soldados gostaram tanto do estilo, mais forte e amargo, que quando voltaram à terra da rainha pediam por mais India Pale Ale, ou seja, as Pale Ale da Índia, que eram bem diferentes das produzidas na Inglaterra.

O lúpulo também é responsável pelo equilíbrio da cerveja. Com as propriedades amargas faz com que o mosto, líquido doce proveniente dos maltes, fique menos adocicado e enjoativo.

O símbolo da revolução cervejeira dos EUA é o lúpulo. A planta contém uma partícula chamada “alfa ácido”, que confere amargor à cerveja. Os lúpulos americanos contêm mais desses compostos químicos do que os europeus. As IPA americanas, portanto, são bem mais amargas, e caiu no gosto do brasileiro.

O amargor na cerveja é medido por uma sigla: IBU (Internacional Bitterness Unit - unidade internacional de amargor), que aparece em quase todos os rótulos das cervejas artesanais brasileiras. A procura, então, é por cervejas com o IBU mais alto possível.

As IPA americanas são as mais vendidas no Brasil, (depois das Lagers produzidas pelas mega empresas)não só por ser mais amargas, mas também por ser muito mais saborosas. Além do amargor, a maioria dos lúpulos americanos tem aromas cítricos e frutados, o que torna a parte sensorial da cerveja muito mais atrativa. Muitas delas lembram frutas como laranja, toranja, abacaxi, lichia, pêssego, limão siciliano, entre outras.

Mas se você não está acostumado com o paladar mais amargo tente começar pelas American Pale Ale, mais leves do que as IPA, mas contém os mesmos aromas cítricos dos lúpulos, e que não deixam a impressão de chá de boldo. Um grande exemplo desse estilo, e fácil de encontrar, é a Sierra Nevada Pale Ale. Uma cerveja leve, bem refrescante, cítrica, com notas de toranja, limão e tangerina. Um verdadeiro clássico!

Após essa “iniciação” vá para cima das IPA. No começo, o amargor pode parecer meio estranho, mas tenho certeza que será sua nova paixão, e você será mais um “hophead” (cabeça de lúpulo), como são chamados os maníacos por esse estilo.

As cervejarias nacionais estão produzindo diversas IPA, por isso é muito fácil encontrá-las. Mas cuidado, não são todas tão boas quanto parece.  Não é só jogar lúpulo na cerveja para ficar saborosa. É preciso saber a dose certa!

As paulistas Dogma, Jota Beer, Júpiter, Schornstein; a paranaense Bodebrown; as gaúchas Seasons, Perro Libre e Tupiniquim; e as cariocas HocusPocus e Mistura Clássica são bons exemplos de nacionais. As gringas Ballast Point, Speakeasy, Amager,Mikkeller, EvilTwin, Sierra Nevada, Brooklyn, Brewdog, Founders pode escolher de olhos fechados que todas são um sucesso!

E se quiser aventurar-se ao extremo, experimente a cerveja Invicta 1000 IBU. Essa é para os fortes!

Passei algumas dicas de boas IPA. Mas para saber se uma cerveja é boa, só provando. Porque gosto é bem particular e individual.

Boas escolhas e bom proveito!

Saúde!