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Empresários e sindicalistas criam comitê para discutir medidas do ajuste fiscal

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), empresários de vários setores e representantes das maiores centrais sindicais do País aprovaram, após reunião nesta segunda-feira, 9, a criação de um comitê emergencial e permanente para discutir medidas do ajuste fiscal e traçar estratégias para "atravessar" o momento difícil pelo qual a economia brasileira passa.

No encontro, eles também aprovaram posicionamento contrário às Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, que alteram regras de acesso a benefícios como seguro-desemprego e pensão por morte, e ao envio de um projeto de lei em substituição à MP 669, que aumenta a tributação para empresas beneficiadas pela desoneração da folha. Um documento com esses posicionamentos deverá ser divulgado em breve.

O comitê foi aprovado pelos empresários e por representantes de cinco centrais: UGT, CGTB, Força Sindical, CSB e CTB. Apenas o representante da CUT, Paulo Cayres, se absteve na votação. A primeira reunião do comitê está prevista para a próxima semana, ainda sem data definida, e deverá ter como "pauta inicial" a defesa da redução de impostos, dos juros e dos gastos públicos dos governos.

"Fizemos essa reunião como brasileiros preocupados com o momento difícil pelo qual o País passa, para encontrar caminhos para travessia por meio de medidas emergenciais e depois buscarmos soluções de médio e longo prazo", afirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. "Foi uma reunião a favor do Brasil, nem contra nem a favor de governo nenhum", acrescentou.

Skaf disse que deverá ligar para a presidente Dilma Rousseff para comunicar o resultado da reunião e para pedir que ela revogue as MPs 664 e 665 e desista de enviar Projeto de Lei (PL) com conteúdo semelhante à MP 669. "Se o governo quiser, que encaminhe as MPs 664 e 665 através de PL, e ele será discutido democraticamente no Congresso", defendeu.

O presidente da Fiesp prometeu que, caso o governo não recue das propostas, "vamos cerrar fileiras no Congresso". Na prática, isso significa que manifestações poderão ser realizados no Senado e na Câmara dos Deputados contra as medidas. "Não somos contra o ajuste fiscal. Defendemos que ele tem que ser feito da forma correta, não da forma mais cômoda", argumentou.

Atos contra democracia

Sindicalistas e empresários também aprovaram posicionamento contrário "a qualquer ato que fira a democracia". Questionado se isso significava ser contra atos em prol do impeachment da presidente Dilma Rousseff, Skaf afirmou que não iria se pronunciar sobre o tema neste momento, mas ponderou que a população tem o direito de se manifestar, desde que democraticamente.

Também presente na reunião, o presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, prometeu levar a proposta de fundir as ações do comitê criado hoje após reunião na Fiesp com as do manifesto assinado por 39 associações, lideradas pela Abimaq, em que defendem mudanças na economia brasileira. O manifesto deve ser divulgado em breve.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, por sua vez, comentou que as centrais sindicais pretendem incluir outros temas nas discussões do comitê criado hoje, como a rotatividade. Ele disse ainda que as centrais deverão propor ações conjuntas entre sindicatos e empresários contra as MPs 664 e 665, mas que até agora nada foi acertado entre eles.

Presenças

A reunião de hoje na Fiesp contou com a presença de presidentes de várias associações, empresários, economistas e ex-ministros, como o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim; o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles; o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, e o vice-presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), Flávio Rocha.

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