Por Do Meon Em Cultura

Artistas de São José descobrem o valor do empreendedorismo

Mudança de paradigmas cria cena cada vez mais profissional na cidade

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Teatro D'Aldeia (foto) é um dos exemplos de artistas empreendedores

Divulgação

O fazer artístico de qualidade é uma somatória de diferentes qualidades. Talento, dedicação e versatilidade são algumas das mais conhecidas. Entretanto, uma palavrinha tão cara aos joseenses, o empreendedorismo, entrou de vez no vocabulário das artes. Na cidade, a tal profissionalização do ofício é uma realidade para quem quer tirar do papel o sonho de viver de cultura.

A figura do artista alheio a temas como planejamento, captação de recursos ou elaboração de projetos é cada vez mais obsoleta na cidade. A ordem agora é organizar-se para oferecer tanto melhores condições de espetáculo para o público quanto uma receita digna no final do mês.

Para chegar lá não existe receita pronta. Assim como todo o negócio, há que se considerar os riscos e pesar as escolhas. Essa prática é, atualmente, parte da rotina do ator Vander Palma, de São José dos Campos. Ele é um dos criadores do espaço Teatro D’Aldeia, que há pouco menos de dois anos promove aulas de teatro, além de apresentações de peças na cidade.

“A maior parte dos artistas precisa se dedicar não só ao seu trabalho artístico, mas também em como este trabalho vai chegar até seu público, como viabilizar a produção, como pagar os profissionais envolvidos etc. Assim como qualquer empreendedor ele investe tempo, estudo, dinheiro e trabalha para que este investimento dê retorno. Precisa lidar com as frustrações e as dificuldades, precisa planejar, convencer apoiadores etc.; além de necessitar de uma boa dose de criatividade para driblar as dificuldades extras de se trabalhar como artista”, explica.

O ator/empreendedor ainda explica que a tendência é parte de um amadurecimento não só do artista, mas também da sociedade ao entender e valorizar a importância dos trabalhos artísticos.

“Penso que há um movimento que demanda novos pensamentos sobre o que é o sucesso e que busca formas de se viver. Na medida em que a sociedade compreende a importância da arte na vida, mais artistas vão assumindo seu ofício e encontrando maneiras de viver dela. Neste sentido, há sim um terreno mais fértil para a profissionalização”, afirma.

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Captação de recursos

Mesmo quando não há vocação para o empreendedorismo ou uma aspiração para ter seu próprio negócio, ainda assim a adaptação é fundamental para quem quer viver de arte. Isso porque, para participar de editais públicos que fomentam financeiramente as ações artísticas nas esferas municipal, estadual e federal, é preciso habilidade para aprender atender as exigências dos órgãos reguladores.

A demanda é tão grande que, no dia 6 de julho, cerca de 120 artistas e produtores culturais lotaram o auditório Elmano Ferreira Veloso durante uma sessão de tira-dúvidas sobre o Proac (Programa de Ação Cultural), promovido pela Secretaria de Cultura do Estado. O evento da Oficina Cultural Altino Bondesan contou com lotação máxima.

Levar em consideração esses aspectos, digamos, mais burocráticos da arte é dica que a professora de arte circense Ellen Moreira, de São José dos Campos, não cansa de passar para seus alunos.

“Elaborar uma boa proposta é fundamental para o artista nos dias de hoje. Não adianta fazer um trabalho incrível, é preciso saber se colocar, ir atrás de editais, empreender mesmo. Isso é uma questão importante tanto para o artista, que conseguirá fazer da arte o seu único ofício, quanto para o público, que terá um espetáculo cada vez melhor”, explica.

A profissional ainda dá o recado: quem negligenciar essa parte mais “chata” do ofício vai ficar para trás.

“É chato, é difícil, tem hora que a gente trava, que não quer mais olhar na cara do edital, mas essas coisinhas são fundamentais. Mas depois, quando fica pronto, você entende melhor sua arte, entende melhor os processos de produção e não só de criação”, conclui.

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