Por Luiz Carlos Merten Em Brasil & Mundo

Atores retratam a transformação do casal em 'De Onde Eu Te Vejo'

Longa estreia na próxima quinta (7) nas sala de todo o Brasil

Domingos Montagner e Denise Fraga em 'De Onde Eu Te Vejo'

Domingos Montagner e Denise Fraga no longa 'De Onde Eu Te Vejo'

Divulgação

Quando conversou com o repórter, na tarde de terça, 29, Domingos Montagner já estava de mala pronta para ir a Petrolina, onde, no dia seguinte, começava sua participação na novela Velho Chico, da Globo. Já estava imerso em seu personagem, Santo. "Fizemos muito trabalho de mesa, pesquisa para os personagens. Com o Luiz Fernando é sempre assim Muita preparação. Foram meses." Montagner fala do diretor Luiz Fernando Carvalho, cujo método é único na TV brasileira e resulta em trabalhos invariavelmente ótimos.

Foram meses de preparação para Velho Chico, a novela de Benedito Ruy Barbosa. E De Onde Eu Te Vejo, o novo longa de Luiz Villaça, que estreia na próxima quinta-feira, 7, em salas de todo o Brasil? Agora, quem conta é Denise Fraga, que, além de protagonista, com Montagner, é mulher do diretor. "O Luiz já vem com esse projeto há uns cinco anos. É tempo para caramba, mas eu gosto. Acompanhar o processo todo, desde que o filme é só uma ideia, que depois vai para o papel, passa pela escrita, a realização, a montagem, até chegar a esse momento de encontro com o público. Estou muito orgulhosa do De Onde Eu Te Vejo. Muito orgulhosa de estar no melhor filme do Luiz, que é um diretor que eu amo."

Por ‘amo’ entenda-se não o afeto que uma atriz pode ter por seu diretor, mas o sentimento da mulher Denise pelo homem de sua vida. Há 21 anos estão juntos. Conheceram-se no set de um curta-metragem, foi "frechada do teu olhar", como cantava Elis Regina. Apaixonaram-se e estão juntos até hoje, muitos filmes, peças e programas de televisão, depois. O novo filme, há cinco anos, já foi concebido para Denise Fraga e Domingos Montagner. "O Luiz foi fazer um Retrato Falado no meu circo, nos aproximamos, ele começou a falar desse filme sobre um casal e aqui estamos, cinco anos depois." Na trama de De Onde Eu Te Vejo, Denise e Montagner formam o casal em processo de separação Ele sai de casa e vai para um apartamento em frente. Janela com janela. Um acompanha a vida do outro sozinho. Originalmente jornalistas, ela trocou de profissão e agora trabalha com arquitetura. Ele permanece jornalista, e a crise come seu emprego. Para complicar, os sentimentos, que já andam vulneráveis, sofrem outro baque. A filha vai estudar em outra cidade. Pai e mãe sentem-se órfãos.

Paulistano de carteirinha, Luiz Villaça quis retratar, por meio das transformações de um casal, as transformações da cidade. "A geografia do filme é muito a da cidade. Amo São Paulo. Temos cenas em Higienópolis, que é o nosso bairro, no qual moramos, no Bexiga, mas principalmente no centro." A cantina que virou garagem, o cinema que fechou - mas o PlayArte Marabá, que fornece a paisagem, segue firme e forte no centro. "Eles (a empresa proprietária PlayArte) foram muito bacanas. Fecharam o cinema um dia para que a gente preparasse a fachada." Foi há um ano e meio. Desde então, muita coisa - tudo? - mudou no País. Esse casal separado que não desgruda é uma metáfora do Brasil atual? "O filme não nasceu com esse olhar, até porque é muito anterior a tudo o que está ocorrendo, mas essa metáfora que você vê me agrada", diz o diretor. "Pode ser utopia, mas é tanta gente querendo ver o circo pegar fogo sem ligar para as consequências... O Brasil está dividido. Eu tenho esse sonho. Gostaria de ver o País unido contra a crise."

Sem cultura e educação, não há salvação. Foram muitos anos de dedicação ao projeto de De Onde Eu Te Vejo. Denise Fraga pode estar comprometida - Villaça é seu marido -, mas o repórter, que não tem compromisso, concorda com ela. É o melhor filme de Luiz Villaça. A surpresa é que, por mais que esteja encravado na vida da cidade, De Onde Eu Te Vejo foi feito... em estúdio. "Ficava muito complicado filmar os dois apartamentos. Construímos no estúdio da Quanta, com rua no meio e tudo. Tivemos uma pós-produção longa por isso, mas valeu a pena. Ninguém percebe." Outro risco era o elenco. Sem os atores certos, o filme não funcionaria. Villaça confiava na sua escolha, Denise e Montagner, mas havia a filha. Manoela Alperti é quem faz o papel A primeira cena foi com os três, quando pai e mãe se despedem da garota na república em que ela vai morar, em outra cidade. "Temos uma família", pensou Villaça. O filme beneficia-se disso enormemente.

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