Planeta Hostil é uma série documental sobre natureza, mas oferece emoção digna de temporada final de Game of Thrones. "Muitas das histórias são de cortar o coração", disse o apresentador Bear Grylls, conhecido por fazer jornadas de sobrevivência com celebridades do cinema e da música. "Em geral, quando assistimos a uma série sobre a natureza, pensamos: 'Nossa, que bonito'. Aqui, é: 'Não, não, não!'." Que é como um espectador reagiria ao Casamento Vermelho ou à morte de Jon Snow.
Em Montanha, primeiro episódio da série que estreou na quinta-feira, 18, na National Geographic, um casal de gansos de faces brancas protege os filhotes recém-nascidos a mais de cem metros do chão. Mas chegou a hora de os pequenos deixarem o ninho. O problema é que eles ainda não sabem voar e simplesmente pulam no abismo para chegar lá embaixo, onde está a comida. São muitos minutos de suspense e terror, conforme cada um dos três filhotes salta, com chances pequenas de sobreviver.
Uma outra série, Life Story, já tinha mostrado o drama dos gansos de faces brancas, que vivem na Groenlândia. Mas Planeta Hostil tenta filmar os animais de maneira diferente. "Queríamos uma narrativa visual", explicou o diretor de fotografia Guillermo Navarro, vencedor do Oscar por O Labirinto do Fauno e produtor executivo da série. "A lente precisava estar no lugar certo para que o espectador se conectasse emocionalmente com a luta dos animais. É uma experiência mais imersiva."
Para o produtor Tom Hugh-Jones, a ideia era dar à série "mais atitude". Mateo Willis foi o homem escolhido para passar essa ideia. "Usamos bastante drone de corrida. Por exemplo, numa sequência com águias, queríamos mostrar como é ser uma águia." Numa sequência, o público vê a perigosa jornada de uma tartaruga bebê rumo ao mar sob a perspectiva dela.
Ao todo, a produção visitou 82 países, incluindo o Brasil, filmando durante 1.300 dias, para produzir os seis episódios - além de Montanha, Oceano, Pradaria, Floresta, Deserto e Ártico. O objetivo foi sempre acompanhar a história, segundo Bear Grylls. "Seguimos uma família. Seguimos uma luta. A batalha contra a natureza ou predadores. E isso só é possível graças à tecnologia, porque não precisamos mais ficar a quilômetros de distância para usar um tripé."
Mas a história comum que permeia toda a série é o impacto da mudança climática na vida já complicada e arriscada dos animais. Bichos de terras geladas convivem com temperaturas recordes e têm de lidar com a transformação das estações e a falta de comida. "Usamos as pequenas histórias para ilustrar o panorama geral", disse Mateo Willis.
Os criadores de Planeta Hostil esperam que, assim, mais pessoas se apaixonem pela natureza e a protejam. "Em um planeta hostil, em que sobreviver é difícil, esses animais mostram resiliência, adaptabilidade, inteligência. Eles começam a se comunicar e a trabalhar juntos. Focas se unem para combater tubarões. Ursos polares aprendem a caçar baleias." É também uma lição, portanto, para nós, humanos.
Boleto
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.