Por Renan Simão Em Cultura

Flamenco de São José dos Campos: história de família

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"O que importa é a expressão da alma", Ana Guerrero, sobre a dança espanhola

Divulgação/Paulo Barbuto

"Tocar sem saber é o caminho. Não há dúvida, o flamenco precisa do coração", disse, certa vez, Paco de Lucía, um dos grandes tocadores da guitarra flamenca.

Tais como a definição do ícone da música espanhola recém-falecido em 2014, os sentimentos de amor, desejo, solidão e tristeza -característicos do cancioneiro flamenco- suscitaram em Ana Guerrero, professora de dança flamenca de São José dos Campos, quando se emocionava com os discos de Paco de Lucía do sogro -a família de seu marido é nativa da província de Ronda, da região da Andaluzia, sul da Espanha.

Esse foi o início da tradição flamenca que gerou o Centro de Arte e Dança Ana Guerrero e Talita Sanchez, estúdio que funciona em São José há 18 anos, oferecendo aulas de dança do gênero famoso pelas palmas ritmadas e os gritos de "olé!".

Mãe (Ana) e filha (Talita) também criaram o Festival Internacional de Flamenco de São José dos Campos, evento de dança e música que trouxe, desde 2003, artistas espanhóis para workshops e espetáculos. A última edição aconteceu em 2013 e Ana planeja a próxima para 2015.

"O flamenco não é só da Espanha, não é folclórico, é um patrimônio da humanidade", afirma Ana Guerrero. "São José merecia um festival de flamenco, o brasileiro é muito percussivo, tem muita facilidade de incorporar essa dança".

Dança e música
O flamenco surgiu primeiro com a tradição oral dos ciganos da região da Andaluzia, em cidades como Sevilha, Málaga, Cádiz e outras. O canto veio dos ciganos e têm origem árabe e judaica. Caracterizada pelos passos de sapateado e as palmas ritmadas, o baile é espanhol e apareceu depois da popularização dos cantos e das guitarras flamencas.

Podendo parecer distante da nossa cultura, o estilo de dança flamenca praticado por mulheres que ostentam vistosos leques e vestidos estampados é, de acordo com Ana, democrático.

"As outras danças são mais homogêneas, as pessoas tem a mesma expressão", diz a professora. "O flamenco é uma dança democrática, todos podem dançar: altas, magras, gordas, é muito democrático. O que importa é expressão da sua alma".

A mãe Ana conta, orgulhosa, da experiência como "bailaora" (dançarina de flamenco) da filha Talita que se aperfeiçoou na Espanha, deu cursos do Japão e é requisitada para aulas em capitais brasileiras. Cerca de 40 alunos recebem aulas da família bailaora todas as semanas em São José dos Campos.

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