A covid-19 já deixou mais de 400 mil mortos no Brasil. Mas, além deste triste número, a pandemia também fez várias vítimas "ocultas" que sofreram com os outros impactos da crise, principalmente o econômico e o educacional. Uma pesquisa realizada pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (UNICEF), em parceria com o IBOPE, mostrou que as crianças e os adolescentes brasileiros estão entre os mais prejudicados pelo coronavírus.
A pesquisa, intitulada "Impactos primários e secundários da Covid-19 em crianças e adolescentes", entrevistou 1.516 brasileiros e constatou que as famílias que vivem com menores de 18 anos em casa foram as mais prejudicadas economicamente, com redução dos rendimentos que, em muitos casos, levou até à insegurança alimentar.
Os dados coletados nas entrevistas mostraram que 55% da população brasileira passou por uma diminuição da renda após a pandemia. Por isso, 49% dos brasileiros declararam ter sofrido mudanças nos hábitos alimentares, entre elas, um maior consumo de alimentos industrializados - mais um risco oculto para os jovens. Além destes números, há outra triste estatística: uma em cada cinco pessoas ficaram, em algum momento da pandemia, sem dinheiro para comprar alimentos. A estimativa é que 33 milhões de brasileiros tenham passado por esta situação, enquanto 9 milhões deixaram de fazer uma refeição por falta de comida.
Este é um dos maiores impactos na saúde das crianças e adolescentes. 6% dos brasileiros que vivem com menores de 18 anos em casa afirmaram que faltou comida para os mais novos. A inflação no preço dos alimentos em 2020 foi a mais alta em 27 anos.
Outro forte impacto na rotina e na formação dos jovens é na educação. 9% dos menores de idade não conseguiram continuar com as atividades escolares a distância, número que parece até baixo, mas causa um impacto gigantesco em todo o país. Entre os 91% que conseguiram manter as atividades, boa parte não conseguiu estudar regularmente, ou seja, todos os dias da semana.
E não é só a educação formal que fica afetada com a pandemia. Mesmo os que conseguiram realizar as atividades pela internet regularmente, mantendo a carga horária adequada, ainda sofrem com a perda da socialização. Em sua coluna no site Guia de Bem Estar, a psicóloga infantil Sofia Vargas comentou sobre a situação: "Principalmente para os mais novos, o aspecto socializador da escola é mais importante do que a educação em si. Isso as atividades virtuais nunca conseguirão substituir e os impactos do período sem a interação com outros da mesma idade podem durar a vida toda. Por isso, é mais importante do que nunca os pais ficarem atentos ao lado emocional dos filhos, buscando dar todo o suporte necessário".
A falta de comunicação entre os pais e as escolas também foi investigada pela UNICEF. Durante a pandemia, 68% dos pais receberam contato das escolas para informar sobre o desempenho dos filhos nas atividades. Em 56% dos casos, as escolas procuraram informar sobre a situação da instituição e, em 48%, buscaram conversar com os pais para saber como está sendo a educação em casa.
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